Estudantes marcham contra as medidas de austeridade do governo de Javier Milei em universidades públicas de Buenos Aires, em 16 de outubro de 2024
LUIS ROBAYO
Estudantes marcham contra as medidas de austeridade do governo de Javier Milei em universidades públicas de Buenos Aires, em 16 de outubro de 2024
Luis ROBAYO

O presidente argentino, Javier Milei, disse que o país sul-americano superou a recessão econômica e mostra sinais de recuperação, mesmo em um contexto de crescimento da pobreza que afeta 52,9% da população.

O mandatário ultraliberal, que aplica desde que assumiu em 10 de dezembro uma política de forte ajuste fiscal com queda de aposentadorias, corte de orçamento educacional e milhares de demissões no setor público, afirmou que "o período de dor terminou".

"A recessão terminou. Estamos saindo do deserto, o país finalmente começou a crescer", afirmou na noite de quinta-feira em um discurso a empresários.

Relatórios recentes do instituto de estatísticas Indec mostraram que a produção industrial cresceu 2,6% em setembro em comparação com o mês anterior e que a construção aumentou 2,4% em comparação com agosto, embora ambos os indicadores tenham caído 6,1% e 24,8% em relação ao ano anterior, respectivamente.

O presidente, que usa a metáfora da “motosserra” para se referir à sua política de ajuste das contas públicas, destacou a tendência da inflação, que se moderou em setembro para 3,5% ao mês, embora persista em cerca de 200% ao ano, entre as mais altas do mundo.

“Fizemos um ajuste de choque focado principalmente em um setor público que era sustentado por um déficit fiscal e emissão monetária. E fizemos isso exatamente como dissemos que faríamos. Tivemos uma recessão em poucos meses, (...) e também dissemos que depois (...) a economia subiria como um peido de mergulhador. E adivinhe? As bolhas estão começando a aparecer”, disse Milei em seu discurso.

O presidente admitiu a força de sua política de ajuste. “Esse esforço deve implicar em progresso porque, se não, não é sacrifício, é martírio”, observou ele.

Apesar de o governo ter reforçado alguns subsídios para crianças e os mais vulneráveis, a pobreza na Argentina atingiu 52,9% da população no primeiro semestre de 2024, um aumento acentuado de 11,2 pontos percentuais em comparação com o mesmo período de 2023.

“Quero dizer que, de agora em diante, todos os dias estaremos um pouco melhor do que no dia anterior. Em vez de sermos mais pobres a cada dia, seremos mais ricos a cada dia”, prometeu Milei.

De acordo com as projeções do Banco Mundial, a economia argentina sofrerá uma retração de 3,5% este ano, enquanto o órgão prevê uma recuperação de 5% do PIB no próximo ano.

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