CHARLY TRIBALLEAU
O dólar registrou seu aumento mais forte em uma única sessão desde março de 2020 e Wall Street está a caminho de abrir acentuadamente no verde, à medida que a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA se torna mais clara.
“Até o momento, a reação do mercado está provavelmente em linha com o que seria de se esperar, dados os resultados”, observa Jim Reid, economista do Deutsche Bank.
O republicano Donald Trump reivindicou a vitória na eleição presidencial dos EUA sobre a rival democrata Kamala Harris.
Dólar dispara
O dólar valorizou frente à maioria das demais moedas. Um aumento frente ao euro que não era registrado desde março de 2020, disparando 1,72% aos US$ 1,0475 por euro às 8h30 (5h30 em Brasília).
Por outro lado, "no México, a preocupação ante possíveis aumentos de tarifas faz o peso despencar", comentam os analistas do Saxo Bank.
A moeda mexicana perdia 2,22% a 20,57 pesos por um dólar.
Bitcoin em um nível recorde
O Bitcoin subiu 5,52% para 72.984 dólares, depois de ultrapassar a barreira dos 75.000 dólares pela primeira vez pouco antes, impulsionado pela perspectiva de flexibilização regulatória no caso da vitória final de Donald Trump.
Mercados acionários no verde
Wall Street estava no caminho certo para abrir em alta, de acordo com os contratos futuros de índices de ações, que dão uma indicação das tendências antes do início da sessão.
Às 08:30 GMT (05:30 em Brasília), o Dow Jones subia 2,24%, o índice mais amplo S&P 500 subia 2,00% e o índice tecnológico Nasdaq subia 1,65%, de acordo com os contratos futuros.
As ações da Tesla subiram 13% nas negociações pré-sessão em Wall Street na quarta-feira, impulsionadas pelo apoio do proprietário Elon Musk a Donald Trump.
Nos mercados acionários europeus, os índices têm subido acentuadamente desde a abertura. A bolsa de valores de Paris ganhou 2,14%, Frankfurt 1,45%, Milão 1,12% e Londres 1,49%. Em contrapartida, Madri caiu 1,28% às 10h GMT (7h em Brasília).
“De forma surpreendente", os mercados europeus "estão se mantendo bem por enquanto, diante da vitória incontestável de Donald Trump”, escreveu Alexandre Baradez, chefe de análise de mercado da IG France, pouco antes da abertura dos mercados acionários.
Isso se deve ao fato de que “com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, os produtos europeus podem enfrentar grandes desafios, já que o presidente indicou claramente que imporia tarifas significativas, potencialmente variando de 10% sobre todas as importações a níveis muito mais altos em países como a China”, explica John Plassard, especialista em investimentos da Mirabaud.
Aumento dos rendimentos dos títulos
No mercado secundário de títulos, onde a dívida já emitida é negociada, as taxas de juros dos títulos do governo dos EUA de 10 anos subiram por volta das 08h30 GMT (05:30 em Brasília) para 4,40%, de 4,27% no fechamento do dia anterior, e a taxa de dois anos subiu de 4,18% para 4,23%.
É um sinal de que o mercado espera “um crescimento mais forte e, talvez, uma inflação mais alta”, uma combinação que poderia “desacelerar, ou até mesmo interromper, os cortes planejados nas taxas de juros do banco central dos EUA [Fed]”, diz Stephen Dover, diretor do Franklin Templeton Institute.