(Arquivo) Sede do Banco Central do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012
PEDRO LADEIRA
(Arquivo) Sede do Banco Central do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012
PEDRO LADEIRA

O Banco Central (BC) aumentou, nesta quarta-feira (6), a taxa Selic em meio ponto percentual, a 11,25%, em meio a incertezas sobre a inflação.

Após dois dias de reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu de forma unânime elevar a Selic pela segunda vez consecutiva no ciclo de ajuste iniciado em setembro.

"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta, e dependerão da evolução da dinâmica da inflação", explicou o comitê.

A inflação em setembro subiu para 4,42% em 12 meses, principalmente devido à alta nos preços dos alimentos e da energia, impulsionados pela seca histórica no país. Apesar de se manter dentro da margem de tolerância oficial, a inflação está distante da meta, de 3%.

Para 2024, o mercado prevê uma inflação de 4,59%, segundo o Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta semana. O dólar acumula alta de 20% no ano.

O desemprego caiu a 6,4% no trimestre de julho a setembro, uma queda de 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (abril-junho), quando se situou em 6,9%.

- Política fiscal 'generosa' -

Mauro Rochlin, coordenador acadêmico da Fundação Getúlio Vargas, disse à AFP que, além da inflação, “o superaquecimento” do mercado de trabalho e uma política fiscal “muito generosa” também pressionam a economia brasileira.

O Copom reafirmou hoje que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação".

O governo Lula tenta acalmar os temores do mercado sobre sua capacidade de cumprir a meta fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, suspendeu uma viagem à Europa prevista para esta semana e se reuniu com o presidente para acertar os detalhes de um pacote de cortes de gastos. As medidas podem ser anunciadas nesta semana, segundo Haddad.

A economia brasileira cresceu 3,3% no segundo trimestre na comparação anual. Segundo as expectativas do mercado, o PIB subirá 3,10% em 2024.

A Selic iniciou uma queda progressiva até junho de 2024, quando atingiu 10,5%, onde se manteve sem alterações até setembro, quando o BC subiu a taxa em 0,25 ponto percentual. O presidente Lula criticou a decisão, afirmando que taxas elevadas prejudicam o crescimento, ao encarecerem o crédito e desencorajarem os investidores e o consumo.

O comitê voltará a analisar a Selic em uma nova reunião em dezembro.

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