Sindicato da Boeing aceita acordo e anuncia fim de greve de sete semanas

Trabalhadores da Boeing em Seattle, noroeste dos Estados Unidos, aprovaram na segunda-feira (4) a proposta da empresa para encerrar mais de sete semanas de greve que custou mais de 10 bilhões de dólares (57 bilhões...

O diretor do sindicato dos funcionários da Boeing, Jon Holden
Foto: Jason Redmond
O diretor do sindicato dos funcionários da Boeing, Jon Holden
Jason Redmond

Trabalhadores da Boeing em Seattle, noroeste dos Estados Unidos, aprovaram na segunda-feira (4) a proposta da empresa para encerrar mais de sete semanas de greve que custou mais de 10 bilhões de dólares (57 bilhões de reais) para o grupo e seus fornecedores.

Após a rejeição de duas ofertas anteriores, a filial IAM-District 751 do sindicato de maquinistas IAM ratificou com 59% de apoio a última proposta da direção da empresa, que prevê importantes aumentos salariais, anunciou a organização.

A decisão provocará o retorno ao trabalho de quase 33.000 funcionários em greve e a retomada das operações em duas grandes fábricas.

"A greve termina e agora nossa tarefa é voltar ao trabalho e começar a fabricar aviões (...) e devolver esta empresa ao sucesso financeiro", afirmou Jon Holden, diretor do sindicato.

"Estou orgulhos dos nossos membros", afirmou. "Conseguiram muito e estamos prontos para seguir em frente", acrescentou.

O novo acordo garante um aumento salarial de 38% ao longo de quatro anos, próximo dos 40% exigidos pelo sindicato.

Também inclui um bônus de 12.000 dólares e dispositivos para aumentar as contribuições da empresa a um plano de aposentadoria e conter os custos da assistência médica.

O acordo, no entanto, não restabelecerá o antigo plano de pensões da Boeing, como desejavam os funcionários mais antigos.

O CEO do grupo, Kelly Ortberg, se declarou "feliz" com o acordo. "Os últimos meses foram difíceis para todos nós, mas agora fazemos parte da mesma equipe", disse.

Ortberg destacou "a importância deste momento para a nossa história e para as gerações futuras". "Há muito trabalho a fazer para retornar à excelência que fez da Boeing uma empresa emblemática", afirmou.

Segundo o Anderson Economic Group, esta é a greve mais cara do século nos Estados Unidos, com um impacto indireto de mais de 11,56 bilhões de dólares (66 bilhões de reais) desde o dia 13 de setembro.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou as partes "por alcançarem um acordo que reflete o trabalho duro e os sacrifícios dos 33.000 funcionários".

Além disso, a poucas horas das eleições presidenciais do país, ele ressaltou o apoio da sua equipe econômica aos processos de negociação.

"Ao longo dos últimos quatro anos, nós demonstramos que a negociação coletiva funciona. Os bons acordos beneficiam os trabalhadores, as empresas e os consumidores", declarou Biden.

- Bancos de alimentos -

O acordo coletivo finalmente aprovado foi a quarta oferta apresentada pelo gigante da aviação desde o início de setembro, mas apenas a terceira submetida ao voto dos sindicatos.

A primeira, rejeitada em 12 de setembro por quase 95% dos membros do sindicato e que desencadeou a greve, previa um aumento salarial de 25%.

A direção da empresa propôs então 30% e 35%, até chegar aos 38% finalmente aprovados.

Também manteve o compromisso de fabricar seu próximo modelo de avião, previsto para 2035, na região de Seattle, o berço da Boeing, o que garante dezenas de milhares de empregos por décadas.

Os grevistas, sem seguro de saúde desde o final de setembro, recebiam 250 dólares semanais do sindicato desde a quarta semana de paralisação e alguns dependiam da ajuda de bancos de alimentos.

O fim da greve também é crucial para a Boeing, que enfrenta graves dificuldades financeiras. As duas fábricas afetadas produzem os aviões 737 (seu principal modelo), 777, 767 e vários programas militares.

AFP