Funcionários trabalham em um avião 737 MAX na fábrica da Boeing em Renton, Washington, em 27 de março de 2019
Jason Redmond
Funcionários trabalham em um avião 737 MAX na fábrica da Boeing em Renton, Washington, em 27 de março de 2019
Jason Redmond

A fabricante de aeronaves Boeing, afetada por uma greve desde setembro, tentará arrecadar uma valor maior do que o anunciado inicialmente através da emissão de títulos no mercado de ações: a meta agora é de US$ 21 bilhões (aproximadamente R$ 120 bilhões na cotação atual).

Na segunda-feira (28), a gigante americana anunciou sua tentativa de vender 90 milhões de ações ordinárias e certificados de depósito, equivalentes a ações ou frações desses títulos, para tentar arrecadar US$ 19 bilhões (R$ 108,3 bilhões).

Contudo, disponibilizará 112,5 milhões de novas ações em uma operação que levaria ao aumento total de capital para "aproximadamente" US$ 21 bilhões, informou a empresa nesta terça-feira (29) em novo comunicado à imprensa.

O valor poderá ser até US$ 3 bilhões (R$ 17 bilhões) maior se a demanda do mercado for muito forte.

"A Boeing espera utilizar o que for arrecadado para despesas gerais, que podem incluir, entre outros, o pagamento de dívidas, reservas de capital de giro, gastos de capital e investimentos em suas subsidiárias", explicou a empresa em um comunicado na véspera.

Nos últimos dias, a empresa anunciou medidas de contenção de custos, incluindo a redução de sua força de trabalho global em 10%, o que representa cerca de 17 mil postos que serão eliminados.

A greve afeta duas fábricas que produzem os modelos 737 MAX e 777. De fato, o movimento paralisa totalmente a produção do 737, seu avião mais vendido, além do 777, 767 e várias aeronaves militares.

Levantar capital no mercado permitirá à Boeing manter seu status perante as agências, após quase ter sua nota de risco rebaixada devido à greve, que está desvalorizando seus ativos, já afetados por dois acidentes que resultaram em 346 mortes em 2018 e 2019 e pela pandemia.

Os trabalhadores em greve em Seattle, berço da companhia americana, rejeitaram duas ofertas de acordo coletivo. A última, apresentada em 23 de outubro, previa um aumento salarial de 35% em quatro anos — o sindicato pede 40% — e um aumento na contribuição da empresa para o plano de aposentadorias.

A proposta da empresa não incluía a restauração do antigo sistema de aposentadorias, que foi suprimido em 2014 e que muitos trabalhadores exigem, mas que a Boeing rejeita.

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