(Arquivo) Avião da Aerolíneas Argentinas voando sobre Buenos Aires, em 19 de setembro de 2024
LUIS ROBAYO
(Arquivo) Avião da Aerolíneas Argentinas voando sobre Buenos Aires, em 19 de setembro de 2024
LUIS ROBAYO

O presidente da Argentina, Javier Milei, declarou que a estatal Aerolíneas Argentinas está "sujeita à privatização" após semanas de conflitos sindicais que levaram a duas greves em setembro e afetaram dezenas de milhares de passageiros. Contudo, a decisão de privatizar cabe ao Congresso.

"É imperativo promover a privatização da empresa Aerolíneas Argentinas", diz o decreto publicado na noite de quarta-feira (2) pelo Poder Executivo.

No texto, o governo justifica a decisão indicando que o Estado teve que realizar aportes de 8 bilhões de dólares (R$ 44 bilhões, na cotação atual) "em virtude do déficit crônico" da companhia, desde a sua estatização há 16 anos.

O decreto foi antecipado na última sexta-feira pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni, que questionou então: "por que os argentinos [...] devem cobrir com seus bolsos esta atrocidade?"

O governo Milei almeja a privatização da companhia aérea nacional e tentou inclui-la em lei, mas esta foi rejeitada pelo Congresso no início do ano.

Agora, para fazer com que o decreto seja cumprido, o presidente vai precisar da aprovação do Congresso.

Isso acontece após semanas de conflito com os sindicatos aeronáuticos que exigem compensações salariais diante da perda de receitas em meio à inflação que, em agosto, chegou a 236% em 12 meses. A Aerolíneas ofereceu um aumento de quase 11%, que foi rejeitado pelos trabalhadores.

Em setembro, houve duas greves que afetaram centenas de voos e mais de 45.000 passageiros, com prejuízos somados de mais de 3 milhões de dólares (R$ 16 milhões).

Em resposta, Milei declarou o transporte aeronáutico um "serviço essencial" para forçá-lo a manter pelo menos 50% dos serviços em caso de greve do setor, mas, na sexta-feira, a Justiça suspendeu essa medida ao considerar que ela limitava o direito de greve.

A Federação Internacional de Pilotos de Linhas Aéreas (IFALPA, na sigla em inglês) se solidarizou com os sindicatos aeronáuticos argentinos.

O governo também ameaçou entregar o controle operacional da companhia aérea a empresas privadas.

    AFP

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