Cerca de 4.000 trabalhadores e camponeses bolivianos marcharam nesta terça-feira (10) em La Paz em apoio ao presidente Luis Arce e para exigir à oposição no Congresso que aprove leis de crédito que, segundo o governo, aliviarão parte da crise econômica.
"Esta é uma marcha pacífica, queremos que o Congresso trate dos projetos de lei que são de importância nacional", afirmou o líder da Central Obrera Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi, alinhado ao presidente Arce.
Huarachi acrescentou que "simplesmente, estamos pedindo (aos legisladores) que trabalhem" e que "se não quiserem legislar, que assumam seus suplentes e, se os suplentes não quiserem, vamos propor o fechamento do Parlamento".
Os trabalhadores e camponeses iniciaram sua marcha na cidade de El Alto e caminharam por várias horas, percorrendo cerca de 10 quilômetros até a praça de armas de La Paz, onde estão localizadas as sedes dos poderes Executivo e Legislativo.
Alguns manifestantes tentaram entrar à força no Congresso, mas outro grupo posicionado no local impediu que entrassem nas instalações legislativas.
Os manifestantes exigem que o bloco parlamentar leal ao ex-presidente Evo Morales (MAS), ex-aliado de Arce, e os dois partidos de direita e centro, aprovem de uma dezena de créditos internacionais no valor de cerca de 1 bilhão de dólares (R$ 5,62 bilhões).
O poder Executivo argumenta que essas leis ajudarão a enfrentar a crise econômica na Bolívia, afetada pela escassez de dólares no sistema financeiro e de combustíveis.
No total, os três blocos são maioria no Congresso bicameral, enquanto um grupo minoritário de legisladores se mantém leal ao presidente Arce.
Arce e Morales (2006-2019) estão em disputa para obter a candidatura da situação nas eleições presidenciais de agosto de 2025, embora apenas o ex-presidente tenha manifestado sua intenção de concorrer.
A falta de gasolina e diesel ocorre quase a cada dois meses na Bolívia. O governo subsidia a importação de combustíveis, para a qual destinou mais de um bilhão de dólares em 2023 e este ano (R$ 4,84 bilhões em valores de então e R$ 5,62 bilhões em cifras atuais).
A Bolívia compra o litro de gasolina de países vizinhos a 0,86 dólares (R$ 4,83) e o revende localmente a 0,53 dólares (R$ 2,98).
Este gasto resultou em uma profunda queda das reservas internacionais bolivianas.