(Arquivo) Sede do Banco Central do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012
PEDRO LADEIRA
(Arquivo) Sede do Banco Central do Brasil (BCB) em Brasília, em 29 de maio de 2012
PEDRO LADEIRA

O Banco Central do Brasil (BCB) deve manter a taxa de juros de referência Selic em 10,5% na quarta-feira (19), o que representa o fim de um ciclo de baixa iniciado em meados do ano passado, segundo as previsões do mercado.

Caso seja implementado, este freio é uma má notícia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde que assumiu o poder em 2023 tem pressionado pelo declínio acelerado das taxas para impulsionar o crescimento econômico.

Após sete reduções consecutivas, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará sua decisão após uma reunião de dois dias iniciada nesta terça-feira (18).

"O mercado espera de maneira quase unânime a manutenção da taxa de juros", afirmou Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos.

Em sua última reunião em maio, o Copom já havia desacelerado o ritmo dos cortes, ao reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual (pp).

Até então, o ritmo constante de quedas era de 0,50 pp desde o início do ciclo, em agosto de 2023, com uma Selic de 13,75%.

- Lula contra taxas altas -

Há um mês, os agentes financeiros previam que novas reduções levariam a Selic para 10% no final do ano. Mas agora esperam que o Copom mantenha o nível em 10,5%, de acordo com a pesquisa Focus do BCB publicada na segunda-feira.

Analistas explicam que as expectativas esfriaram devido às preocupações com a situação fiscal do Brasil e às dúvidas sobre o compromisso do Banco Central com o combate à inflação.

"O cenário deteriorou-se substancialmente nas últimas semanas, além do aumento do risco fiscal e da desvalorização" do real, afirmou Lohmann.

"O principal fator é, sem dúvida, a deterioração das expectativas de inflação, especialmente para o ano de 2025", completou.

A inflação brasileira teve um aumento de 3,93% em 12 meses em maio, acima da meta de 3% fixada pelo BCB, embora ainda dentro da faixa de tolerância oficial.

Segundo a pesquisa Focus, o aumento dos preços no varejo será de 3,96% ao final deste ano.

A política de taxas altas implementada para controlar os preços torna o crédito mais caro e desestimula o consumo e o investimento.

Após defender a vitalidade da economia brasileira, Lula insistiu nesta terça-feira na necessidade de cortes, ao argumentar que a "inflação está controlada" e que não há "explicação" para "a taxa de juros estar como está".

"Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente (da instituição financeira) que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país", declarou Lula em uma entrevista à rádio CBN.

A economia brasileira, a principal da América Latina, cresceu 0,8% no primeiro trimestre, após dois destes períodos em estagnação.

    AFP

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