Guatemala revoga licença ambiental de mina canadense

O Governo da Guatemala revogou, nesta sexta-feira (14), devido a "anomalias", a licença ambiental para operar uma mina a céu aberto de uma empresa canadense, situada perto da fronteira com El Salvador e, que...

Vista aérea das instalações do projeto 'Cerro Blanco', na Guatemala, em 17 de setembro de 2022
Foto: Johan ORDÓÑEZ
Vista aérea das instalações do projeto "Cerro Blanco", na Guatemala, em 17 de setembro de 2022
Johan ORDONEZ

O Governo da Guatemala revogou, nesta sexta-feira (14), devido a "anomalias", a licença ambiental para operar uma mina a céu aberto de uma empresa canadense, situada perto da fronteira com El Salvador e, que foi criticada por ambientalistas, informaram fontes oficiais.

"O Ministério do Meio Ambiente decidiu que o procedimento para a conceder uma licença ambiental deve ser alterado", disse a ministra Patricia Orantes, na coletiva de imprensa.

A mina, que ainda não está operando, pertence a companhia canadense Bluestone Resources. A empresa pretende extrair mais de 250 milhões de metros cúbicos do solo e subsolo de um assentamento de ouro e prata, no município de Asunción Mita, situado a leste da capital da Guatemala.

A licença para operar a mina foi emitida em 9 de janeiro, cinco dias antes do fim do mandato do presidente direitista Alejandro Giammattei. A autorização permitia a mudança da mineração subterrânea para a realização do procedimento a céu aberto.

A ministra destacou que essa modificação implica em "um projeto inteiramente novo e diferente ao original". Segundo Orantes, também foram encontradas assinaturas falsas na autorização da nova licença e o extravio de mais de 900 folhas do projeto.

A mineração a céu aberto "é altamente impactante em termos potenciais" da contaminação de águas, da "perda de solo fértil, flora e fauna, e alterações geomorfológicas pela extração" de milhões de materiais do solo e subsolo, afirmou a ministra.

Lideranças locais e organizações ambientais denunciaram que a mina irá contaminar o lago Güija, compartilhado por Guatemala e El Salvador, e o rio Lempa, que nasce na Guatemala e é a principal fonte de água da capital salvadorenha.

Em 2022, o governo de Giammattei não reconheceu uma consulta popular dos habitantes de Asunción Mita que criticaram a mina.

Pelas anomalias detectadas "não se pode outorgar a licença para a mineração em céu aberto para essa empresa, terá quer fazer um novo estudo" de impacto ambiental, disse o ministro de Energia e Minas, Víctor Hugo Ventura.

AFP