“Hoje eu tô feliz”, diz Lula sobre recuo de tarifas dos EUA

Presidente comentou a retirada das sobretaxas dizendo que decisão ocorreu após diálogo entre os dois governos

Lula cita negociação com Trump após recuo nas tarifas dos EUA
Foto: Reprodução/Canal Gov
Lula cita negociação com Trump após recuo nas tarifas dos EUA

No Salão do Automóvel, em São Paulo, nesta quinta-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar feliz pela retirada das tarifas extras impostas pelos Estados Unidos .

Hoje eu tô feliz porque o presidente Trump já começou a remover algumas taxações que eles tinham feito em alguns produtos brasileiros ”, comentou Lula sobre o recuo anunciado hoje.

O Ministério das Relações Exteriores também se pronunciou dizendo que o governo brasileiro recebeu “ com satisfação ” a revogação da tarifa adicional de 40% para uma série de produtos agropecuários enviados aos EUA, decisão considerada resultado do diálogo entre os dois governos.

Durante o discurso, Lula comentou o impacto inicial da decisão estadunidense de elevar tarifas para vários países e afirmou que, naquele momento, “ todo mundo entra em crise, todo mundo fica nervoso ”.

O presidente disse que costuma aguardar antes de agir sob pressão. “ Eu não costumo tomar decisão quando eu tô com 39º de febre. Eu espero a febre baixar ”, comparou.

Lula ainda afirmou que mudanças desse tipo dependem de confiança entre os países. “ Essas coisas vão acontecer na medida em que a gente consiga calcar respeito das pessoas. Ninguém respeita quem não se respeita ”, disse o presidente.

O que disse o Itamaraty

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, estarão isentos vários tipos de carne, café e frutas como manga, coco, açaí e abacaxi.

O Ministério também destacou que a Ordem Executiva menciona a conversa telefônica entre Lula e Trump em 06 de outubro, que marcou o início das negociações sobre as tarifas.

O governo brasileiro informou ainda que Trump tomou a decisão após receber recomendações de altos funcionários de que determinadas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à tarifa de 40%, citando o “ avanço inicial das negociações ”.

A medida é retroativa a 13 de novembro, coincidindo com a data da reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio, em Washington, quando voltaram a discutir formas de avançar na redução das tarifas.

O Itamaraty afirmou que o Brasil seguirá dialogando com os Estados Unidos para retirar as sobretaxas restantes sobre outros produtos da pauta comercial e destacou a tradição de 201 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

O que os EUA decidiram

A Casa Branca publicou nesta quinta-feira a decisão assinada por Donald Trump retirando a tarifa adicional de 40% sobre parte dos produtos do Brasil, como carne, café e açaí.

No texto, o presidente estadunidense escreveu: “ Especificamente, determinei que certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à alíquota adicional de imposto ad valorem imposta pelo Decreto Executivo 14323 ”.

Trump também relacionou o recuo à conversa mantida com Lula no início de outubro. “ Em 06 de outubro de 2025, participei de uma ligação com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas na Ordem Executiva 14323. Essas negociações estão em andamento ”, comentou.

A medida vale para produtos que entraram nos Estados Unidos desde 13 de novembro, e eventuais reembolsos seguirão as normas da alfândega estadunidense.

O comunicado também informa que o departamento de Secretaria de Estado continuará monitorando a situação e poderá ajustar novamente as tarifas, tanto para reduzir quanto para elevar, conforme o cenário.

A isenção completa veio uma semana após a sobretaxa ter caído de 50% para 40%.  Agora, com a retirada total, os produtos brasileiros voltam a entrar sem cobrança adicional.


Assim, Lula aproveitou a ocasião para reforçar a importância da previsibilidade econômica e diplomática, tema que marcou todo o discurso no evento destinado ao setor automobilístico em São Paulo.