
Uma empresa incorporadora de São Paulo, que prometia rendimento mensal acima do mercado e entrega de imóveis que nunca ficaram prontos, é investigada pela Polícia Civil por suposta pirâmide financeira, após investidores a acusarem de fraude. As informações foram divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo.
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A polícia estima que o prejuízo causado pela empresa Neoin é de cerca de R$ 200 milhões, em mais de 1.200 investidores que teriam sido vítimas do esquema. A TV teve acesso a documentos que mostram as denúncias de clientes que alegam golpe financeiro.
Promessas de lucros acima do mercado
A empresa, responsável por supostos investimentos imobiliários , prometia lucros mensais de até 2% e entrega de apartamentos que, em muitos casos, nunca saíram do papel.
A reportagem mostra pessoas que movimentaram valores altos e não tiveram o retorno previsto, como Gilberto Alves de Melo e a esposa, que investiram R$ 410 mil, e Letícia Ferrari, que desembolsou R$ 60 mil na compra de um imóvel com a incorporadora.
O empresário Daniel Bernal, fundador da Neoin, afirmava nas redes sociais que a empresa tinha o propósito de “construir moradias que fazem a diferença na vida das pessoas”. Porém, a denúncia é de que muitos empreendimentos sequer foram iniciados.
Como funcionava o esquema?
Com a promessa de rendimento acima do mercado pela venda de apartamentos na planta, a Neoin afirmava aos investidores que caso a aplicação financeira não desse certo, eles receberiam apartamentos prontos como garantia.
Na teoria, o modelo não traria riscos aos clientes. A reportagem explicou que o lucro era pago no início, o que fez com que as pessoas envolvidas passassem a investir mais.
Os problemas começaram quando os empreendimentos não foram concluídos. Muitos prédios estão com apenas o começo das obras iniciadas, enquanto outros nem saíram da planta.
Sem a garantia de um produto concreto, típico de esquemas de pirâmides, a movimentação financeira cessou, deixando os investidores no prejuízo.
Denúncias

As denúncias feitas à polícia surgiram no início do ano, quando os pagamentos pararam. A empresa alegou má gestão e que o mercado estava ruim, enquanto os investidores constatavam que a informação não procedia.
Estima-se que cerca de 1.200 pessoas foram lesadas pelo golpe. O delegado Rodrigo Costa, responsável pela investigação, explicou à TV Globo que o esquema tinha características típicas de uma pirâmide financeira.
“Esses sistemas funcionam até que novos investidores parem de entrar. Quando isso acontece, a estrutura colapsa. Os produtos oferecidos, como os imóveis da Neoin, eram apenas fachada”, afirmou.
Polícia bloqueou bens
Em setembro deste ano, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou a operação "Prédios de Areia", que cumpriu mandados de busca e apreensão nas sedes da empresa e residências dos envolvidos. Daniel Bernal e outros quatro sócios são investigados por crime contra a economia popular, estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Segundo o Fantástico, a defesa de Bernal alegou que não houve fraude, apenas má gestão financeira, e afirmou que os clientes serão reembolsados conforme decisão do juízo de recuperação judicial.