
O ouro voltou ao centro das discussões financeiras em 2025. Em meio à desaceleração econômica global, tensões geopolíticas e desvalorização do dólar, o metal acumula alta entre 56% e 60% até outubro, cotado em torno de US$ 4.348 por onça troy (cerca de R$ 23,9 mil ao câmbio de R$ 5,50).
O desempenho supera o das bolsas americanas — o S&P 500 subiu apenas 1% no mesmo período — e o das criptomoedas, consolidando o ouro como um dos principais instrumentos de proteção contra volatilidade e inflação.
Veja mais
: Por que o ouro vira refúgio em tempos de crise econômica
A alta é sustentada por quatro fatores centrais. O primeiro é o aumento das compras oficiais: bancos centrais de países como China, Índia, Rússia e Polônia projetam adquirir cerca de 1.000 toneladas em 2025, no quarto ano consecutivo de forte expansão das reservas.
O segundo está nas incertezas globais, como as tarifas comerciais e a inflação persistente nos Estados Unidos, que ampliam a busca por proteção.
Além disso, fundos de investimento e ETFs têm recebido aportes bilionários, com maior adesão de investidores jovens — 17% dos millennials já aplicam no metal.
O quarto elemento é o limite na oferta: a produção das mineradoras cresce abaixo da demanda, o que pressiona os preços.
Analistas de grandes instituições financeiras projetam continuidade da valorização, embora com ritmos distintos. O J.P. Morgan prevê o ouro a US$ 3.675 no quarto trimestre de 2025 e US$ 4.000 em 2026, sustentado pela demanda de bancos centrais e ETFs.
O HSBC estima US$ 3.455 neste ano e US$ 3.950 no próximo, atribuindo a alta às tensões geopolíticas e ao enfraquecimento do dólar.
Já o Goldman Sachs projeta US$ 4.000 até o fim de 2025 e US$ 5.000 em 2026, citando cortes de juros pelo Federal Reserve.
O Deutsche Bank espera US$ 3.700 neste ano e US$ 4.000 em 2026, enquanto a UBS indica uma “nova base de preço” em US$ 4.200.
O portal Long Forecast é o mais otimista: US$ 4.935 em novembro e US$ 5.190 no ano seguinte.
Os especialistas destacam vantagens e limitações do investimento. Entre os pontos positivos, o ouro funciona como proteção contra inflação e crises — valorizou 68% de 2023 a março de 2025 —, tem alta liquidez e contribui para diversificação de carteira.
Em contrapartida, não gera rendimentos passivos e pode sofrer correções de 10% a 20% em momentos de fortalecimento do dólar.
Ouro no Brasil

No Brasil, as opções de investimento são variadas. O ETF GOLD11, negociado na B3, é a alternativa mais simples, cotado a R$ 19,20 por cota e com alta de 13% no ano.
Também é possível investir em ouro físico, em barras de 1 grama a partir de R$ 400, ou por meio de fundos multimercados com foco no metal, como o Trend Ouro Dólar.
Para investidores experientes, há ainda contratos futuros na B3, com maior exposição e risco.
O economista Leonardo Ramos avalia ao Portal iG que o investimento pode ser uma estratégia eficiente para proteção patrimonial.
“Vale a pena sim investir em ouro, se você é conservador, preocupado com inflação ou quer hedge global. Em 2025, com ouro ‘brilhando’ (26%+ em reais), é chance de entrada antes de picos maiores” , afirmou.
Segundo ele, o momento é menos indicado para quem busca ganhos rápidos.
“Agora não é bom você investir em ouro se estiver buscando renda rápida ou tem perfil agressivo (prefira ações ou tecnologia)” , explicou.
Ramos ressalta que a volatilidade deve ser observada. “Se houver resolução rápida de tensões, como o fim de tarifas, preços podem corrigir 10% a 15%, e isso é um risco” , disse.
Para o economista, o ouro deve ser visto como “seguro patrimonial comprovado”.
“O ouro não é garantia de riqueza, mas um seguro. Em um mundo de estagnação e perda de valor das moedas, ele segue essencial. Monitore o dólar e geopolítica — e invista com calma” , concluiu.