
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso defendeu, nesta segunda-feira (13), uma regulação global para o uso da inteligência artificial (IA), destacando os desafios éticos e sociais que acompanham o avanço tecnológico.
A palestra integrou a abertura do AI Bank Summit 2025, evento dedicado à aplicação da IA no mercado financeiro, que segue até sexta-feira (17) em formato online.
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Barroso iniciou sua fala situando a inteligência artificial como a principal força da quarta revolução industrial.
Segundo ele, o mundo ainda vive sob os efeitos da revolução digital, que introduziu os computadores pessoais, os smartphones e a internet, conectando milhões de pessoas e transformando o cotidiano.
“Google, Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, YouTube, Waze... Tudo isso são novidades. Para os solteiros, tem o Tinder. Nós vivemos o admirável mundo novo da tecnologia da informação” , afirmou.
O ministro explicou que, até pouco tempo, as empresas mais valiosas do mundo pertenciam aos setores de petróleo, automóveis e equipamentos.
Hoje, o protagonismo está nas companhias tecnológicas, que criam uma nova economia global.
Para ele, essa transição marca a passagem da terceira para a quarta revolução industrial, impulsionada pela inteligência artificial.
“A inteligência artificial vem para melhorar a qualidade de vida das pessoas em muitas coisas. Uma delas é a tomada de decisão. A inteligência artificial tomará decisões melhores do que as humanas” , disse Barroso.
Ele apontou ainda avanços em áreas como medicina, meio ambiente e comunicação. “As línguas vão deixar de ser uma barreira de comunicação entre os povos” , destacou.
O ministro também citou o uso crescente da IA no Judiciário. “No Supremo, temos esse recurso que identifica milhares de recursos que chegam. Juiz não pode abdicar de tomar decisões, mas a inteligência artificial já é capaz de auxiliar o trabalho do magistrado” , afirmou.
Apesar dos benefícios, Barroso alertou para os riscos associados à automação.
Segundo ele, a IA pode reduzir pela metade os empregos existentes, exigindo transição e capacitação profissional. Também manifestou preocupação com as implicações éticas das novas tecnologias.
“Ela pode fazer uma poesia e não saberemos a autenticidade de quem criou” , observou.
Para o ministro, o ritmo acelerado de desenvolvimento da inteligência artificial torna a regulação um desafio.
“O telefone fixo levou 75 anos para chegar a 100 milhões de usuários. O celular levou 16 anos. A internet levou 7 anos. O ChatGPT levou só dois meses” , comparou.
Ele afirmou que a rapidez das transformações dificulta a criação de regras que acompanhem as inovações.
Barroso defendeu que a regulação da IA deve ser feita de forma coordenada entre os países, de modo a proteger direitos fundamentais.
“Nós precisamos proteger a privacidade, as liberdades de expressão e cognitivas” , disse.
AI Bank Summit

O AI Bank Summit, organizado pela 4U EdTech e pelo Cursos Edgar Abreu, reúne especialistas nacionais e internacionais para debater o impacto da inteligência artificial nas finanças e em outros setores da economia. As transmissões ocorrem diariamente a partir das 19h.
Nesta terça-feira (14), o evento aborda segurança e aplicação prática da IA em grandes corporações, com painéis sobre prevenção a fraudes, privacidade de dados e gestão de riscos digitais.
A programação segue até sexta (17), com temas como educação financeira, ética, inovação e regulação no sistema financeiro.
Segundo o organizador Edgar Abreu, o Summit busca preparar o setor para uma nova lógica impulsionada pela tecnologia.
“A IA não é apenas uma ferramenta de produtividade, é um novo paradigma para bancos, fintechs e investidores” , afirmou.