La Niña pressiona sistema hídrico e pode encarecer conta de luz

Estiagem e baixos níveis de reservatórios afetam abastecimento e energia

A escassez hídrica afeta setores agrícolas e pecuários
Foto: Reprodução
A escassez hídrica afeta setores agrícolas e pecuários
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O fenômeno climático La Niña, previsto para ocorrer entre outubro deste ano e início do ano que vem, tem potencial de reduzir as chuvas em regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, pressionando o sistema hídrico e aumentando o risco de racionamento de água .

Os impactos refletem diretamente no fornecimento de energia elétrica, já que grande parte da matriz depende de hidrelétricas.

Segundo dados da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), os níveis de reservatórios em São Paulo e arredores apresentam queda significativa, com o Sistema Cantareira operando próximo a 52,8% da capacidade.

No interior paulista, rios como o Piracicaba registram volumes críticos, enquanto no Centro-Oeste regiões do Distrito Federal e Goiás implementam medidas de redução de pressão na distribuição.

“O efeito combinado de estiagem prolongada e La Niña aumenta a pressão sobre reservatórios urbanos e agrícolas, exigindo monitoramento constante da capacidade hídrica” , afirma Felipe Ravieri, especialista em recursos hídricos.

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A redução de chuvas impacta também a produção de energia. Com menos água nos rios, hidrelétricas podem operar abaixo da capacidade, aumentando a necessidade de acionamento de termelétricas, que elevam o custo da geração.

“Quando reservatórios operam no limite, é preciso equilibrar o fornecimento de água e energia, o que pode refletir na tarifa doméstica e industrial” , explica Ravieri.

Ele acrescenta que estratégias de economia e uso racional da água tornam-se essenciais para minimizar impactos.

Além disso, a escassez hídrica afeta setores agrícolas e pecuários. A irrigação de lavouras e a manutenção de pastagens sofrem com a redução de água disponível, influenciando a produção de alimentos e insumos.

“Medidas como perfuração de poços, construção de adutoras e campanhas de conscientização sobre consumo são fundamentais para enfrentar períodos críticos” , aponta Felipe Ravieri.

A expectativa é que políticas de gestão hídrica e investimentos em infraestrutura ajudem a reduzir o risco de desabastecimento e limitar efeitos no custo da energia elétrica.


Mudanças climáticas

As mudanças climáticas aumentam a variabilidade das chuvas e elevam a temperatura média, o que agrava a escassez. Em 2024, a temperatura média nacional superou 1,2°C acima da era pré-industrial, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Esse cenário torna mais complexa a gestão dos sistemas hídricos e aumenta a necessidade de investimentos em infraestrutura, como poços artesianos, adutoras e modernização de reservatórios.

O governo estadual e a iniciativa federal têm adotado medidas emergenciais, incluindo perfuração de poços e retomada de obras em bacias estratégicas, mas especialistas alertam que, sem chuvas, a escassez hídrica deve continuar nos próximos meses, mantendo pressão sobre abastecimento urbano e custo de energia.