
A entrada em vigor das novas tarifas de importação dos Estados Unidos , determinadas pelo presidente Donald Trump na quinta-feira (07), foi tratada pela imprensa internacional como o início de uma nova e incerta ordem comercial, marcada por rompimento com décadas de livre-comércio e por riscos à economia global .
O jornal francês Le Monde apontou que a taxa média de importação no país saltou para 17,3%, o maior patamar desde os anos 1930. Embora Trump tenha comemorado a arrecadação de “ bilhões de dólares ”, a publicação destacou que ainda é difícil “ definir todos os contornos ” desse novo cenário.
O britânico The Guardian ressaltou a amplitude da medida, que atinge dezenas de países com tarifas adicionais sobre exportações para os EUA. O jornal relatou que governos ao redor do mundo têm tentado negociar acordos para evitar perdas de empregos e desestímulo a investimentos.
A BBC também destacou a amplitude da medida, chamando-a de “ nova onda de tarifas abrangentes ” e citando que “ economias dependentes de exportação no Sudeste Asiático estão entre as mais atingidas ”.
Europa tenta conter danos com acordos parciais
A BBC e a revista alemã Der Spiegel confirmaram que a União Europeia (UE) fechou um acordo para manter a tarifa em 15%, após ameaças anteriores de 30%. Mesmo assim, setores como o automobilístico demonstraram frustração, uma vez que o novo percentual é significativamente maior que os 2,5% anteriores.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou que o acordo também envolve compras de energia dos EUA no valor de US$ 750 bilhões (cerca de R$ 4 trilhões) até o fim do mandato de Trump, além da promessa de investimentos europeus de US$ 600 bilhões (aproximadamente R$ 3,2 trilhões) em território estadunidense.
O jornal italiano Il Post lembrou que a UE conseguiu evitar tarifas ainda mais severas ao firmar esse compromisso no fim de julho, mas confirmou que o novo percentual já entrou em vigor à meia-noite de Washington .
Na avaliação do jornal espanhol El País, Trump tem usado as tarifas como sua “ ferramenta favorita de pressão ” sobre aliados e adversários. A publicação alertou que as mudanças podem continuar de forma imprevisível, “ dependendo das simpatias ou fobias do presidente em um dado momento ”.
O Le Monde reforçou que as tarifas são “ mais políticas do que econômicas ”, permitindo que Trump e aliados “ clamem vitória ”, mesmo sem efeitos econômicos concretos.
O Der Spiegel destacou que Trump justificou os aumentos com base em supostos déficits comerciais que, segundo ele, representam um risco à segurança nacional dos EUA.
Críticas na Índia e alerta sobre inflação
A imprensa da Índia, país que enfrenta um dos maiores embates tarifários no momento, também reagiu.
O Times of India repercutiu a fala do deputado Manish Tewari, que classificou a tarifa adicional de 25% imposta ao país como “ intimidação grosseira ” e “ chantagem econômica ”.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia declarou que a medida dos EUA é “ extremamente infeliz ”.
A BBC informou que o governo indiano chamou a tarifa de 50% de “ injusta, injustificada e irrazoável ” e garantiu que continuará defendendo seus interesses nacionais.
O Il Post destacou que Trump confirmou novas tarifas de 25% contra a Índia a partir de 27 de agosto, como punição pela compra de petróleo russo . Com isso, a taxa total de importação para o país asiático chegará a 50%.