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O setor dos supermercados tem expandido as contratações no Brasil,  mas enfrenta um desafio: a alta rotatividade de funcionários. Em São Paulo, segundo a APAS( Associação Paulista de Supermercados), há atualmente 35 mil vagas abertas, reflexo da crescente demanda do setor. No entanto, a dificuldade em reter funcionários tem gerado preocupação entre empresários e especialistas.

Em meio a esse cenário, o supermercado Coop realizará um feirão de empregos  amanhã (13), das 9h às 13h, na unidade localizada na Avenida Pereira Barreto, 1286, Bairro Paraíso, em Santo André. O evento terá processo seletivo presencial, e os interessados devem levar cópias do currículo.

As vagas disponíveis abrangem diversas funções, como açougueiro, fiscal de loja, atendente de padaria, operador de caixa e farmacêutico.

Além disso, a equipe de Aquisição de Talentos da Coop participará do Feirão de Emprego para Mulheres, que acontecerá em São Bernardo do Campo, no dia 14 de março.

A Coop afirma que tem investido na modernização de suas lojas e na busca por profissionais qualificados para ocupar posições em suas 103 unidades de negócios. Além do feirão presencial, os candidatos também podem se inscrever online por meio da plataforma coop.jobs.recrut.ai.

O setor supermercadista no Rio de Janeiro também tem registrado um crescimento significativo no número de contratações. Em 2024, foram assinadas 5.880 carteiras de trabalho no estado,  o melhor desempenho desde 2014.

Apesar da ampliação das oportunidades, a rotatividade no setor segue elevada. Segundo dados do mercado, o índice de turnover  (índice que mede o fluxo de contratações e demissões) chega a 58% em média, podendo atingir 70% em algumas regiões.

Entre os principais fatores para essa alta estão os salários, as condições de trabalho e a concorrência com outras modalidades de emprego, como a informalidade e o trabalho remoto.


Medidas

Para enfrentar esse problema, redes de supermercados têm adotado estratégias para atrair e reter funcionários.

Entre as medidas, estão a oferta de benefícios como participação nos resultados, previdência privada, vale-transporte, assistência médica e convênios com academias e universidades.

Segundo Alexandre Cyríaco, gerente de Recursos Humanos da Coop, a empresa busca proporcionar um ambiente de aprendizado e crescimento profissional aos colaboradores.

O economista Leonardo Ramos também aponta que o setor precisa oferecer vantagens aos trabalhadores.

“Os supermercados, ao investirem na educação dos funcionários, podem oferecer um plano de carreira dentro da empresa. Quantos jovens podem começar como sacoleiros e terminarem a carreira na chefia de algum departamento? É oferecer o instrumento e permitir que cada um sonhe e realize conquistas através do esforço”, afirma ao Portal iG.

Ramos destaca que há diferenças regionais no setor e que a análise do mercado de trabalho deve ser feita considerando as especificidades de cada estado.

“Primeiro que é difícil analisar o país como um todo sem dados mais sólidos. Em São Paulo, há escassez de profissionais, mas, no Rio de Janeiro, 2024 teve o melhor ano de contratações dos últimos 10 anos. Qual representa a realidade do Brasil? Por isso a análise tem que ser por região”, pontua.

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Ele também menciona que as mudanças no perfil dos jovens trabalhadores influenciam a dinâmica do mercado.

“Se a gente pensar no estado de São Paulo, chamada de locomotiva do Brasil, é fácil entender que os supermercados sempre foram a primeira porta de trabalho aos jovens. Hoje, com os avanços tecnológicos, muitos optam pela informalidade do que por um serviço de carteira assinada. Que jovem vai querer enfrentar trânsito e ficar horas em um único lugar, se hoje há opções de trabalhos home office, por exemplo? Ou ele pode comprar produtos da China e vender em sites de e-commerce? E os jovens atuais demoram para sair da casa do pai, casar, ter filhos, então é mais difícil seduzi-los. Há uma mudança no estilo de vida da sociedade também.”

Para ele, os supermercados precisam reformular suas ofertas para atrair trabalhadores. “Para atrair esses jovens, é preciso entregar benefícios. Compensa manter a escala 6x1? Ou mantê-los mais de seis horas no serviço é uma boa? Não quero levantar uma discussão política, mas uma reflexão sobre o modo de trabalho. Também o setor pode debater benefícios educacionais, como ofertar bolsa de estudo em parcerias com universidades, oferecer convênio médico, enfim, os trabalhadores precisam ser seduzidos de alguma forma.”

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