
A taxa de desocupação no Brasil atingiu 6,2% no trimestre encerrado em dezembro de 2024, ou seja, a menor da série histórica iniciada em 2012. Em comparação ao mesmo período de 2023, houve uma redução de 1,2 ponto percentual, resultando em uma taxa média anual de 6,6%.
Esses dados, divulgados pelo IBGE por meio da Pnad Contínua, refletem a recuperação do mercado de trabalho após a pandemia e a ampliação das oportunidades de emprego no país. Na prática, o aquecimento do mercado impacta a vida de milhões de pessoas.
Isabelle Fonsena, administradora, estava procurando emprego desde maio de 2024, e conseguiu o emprego na área que desejava em agosto.
"Eu trabalhava por conta própria online, como modelo, freelancer, para marcas. Porém, queria voltar para a minha área, mas no setor de recursos humanos, auxílio administrativo, e eu consegui.Eu senti que tinham muitas vagas, mas focadas na área de vendas, que não era o que eu queria", disse, em entrevista ao Portal iG.
"Agora eu fui até promovida, estou satisfeita, um cargo que eu sempre gostei, numa empresa que eu sempre quis", acrescentou.
Segundo Fernando Agra, Consultor de Finanças Pessoais e Investimentos, a queda do desemprego em 2024 deve-se basicamente ao crescimento econômico, que naturalmente gerou mais vagas de trabalho: "De acordo com a Lei da Oferta e da Procura, observada no Mercado de Trabalho, a maior demanda por trabalhadores impulsionou o crescimento da renda dos salários", disse, em entrevista ao Portal iG.
O crescimento do rendimento médio real habitual, que alcançou R$ 3.225 em 2024, o maior valor da série histórica. A massa salarial real também registrou um novo recorde, atingindo R$ 328,9 bilhões, favorecendo tanto trabalhadores formais quanto informais. Esse avanço no rendimento foi impulsionado pelo crescimento do emprego em setores com renda elevada, como construção, transporte, comércio e serviços financeiros.
Renda, ocupação e informalidade
A queda no desemprego foi acompanhada por um aumento na população ocupada, que atingiu um recorde de 103,3 milhões de pessoas, representando um crescimento de 2,6% em relação a 2023.
Já a população desocupada encolheu para 7,4 milhões de pessoas, o menor nível desde 2014. Esse avanço demonstra uma recuperação consistente do mercado de trabalho, impulsionada pela criação de novos postos de trabalho formais e informais.
Cristina Helena de Mello, professora de economia da PUC, ressalta, em entrevista ao Portal iG, que esse número reflete que as pessoas estão procurando emprego e encontrando, não desistindo de procurar.
"É como se a cada dois brasileiros, estivesse um ocupado, isso não é pouca coisa. Porque precisamos lembrar que uma parte da população ou não tem condições, ou idade para trabalhar. Esses dados mostram como, de fato, a economia está aquecida. O surpreendente é que, apesar de tudo, ainda temos uma percepção negativa do governo."
O número de empregados com carteira assinada alcançou o patamar inédito de 38,7 milhões de pessoas, enquanto o trabalho sem carteira assinada no setor privado também cresceu, totalizando 14,2 milhões de trabalhadores.
A taxa de informalidade apresentou leve queda, passando de 39,2% para 39,0%. O contingente de trabalhadores por conta própria atingiu 26,1 milhões de pessoas, refletindo um aumento contínuo na busca por alternativas ao emprego formal.
Cristina Helena de Mello pontua que o número de trabalhadores regidos pela CLT é um dos mais altos da história, porém, ela diz ainda que o total de trabalhadores informais, ou em plataformas, como aplicativos, é elevado.
"Devemos nos preocupar com a informalidade nos últimos anos, que está em torno de 40%, o que representa um risco por conta das aposentadorias, porque essa parcela não contribui com a Previdência Social", afirma.