Dólar abre em alta, cotado a R$ 6,14 com mercado atento a pacote fiscal e juros americanos

Há projeções de corte nas taxas de juros dos EUA

Hoje, espera-se que a Câmara vote outros pontos centrais do pacote de corte de gastos do governo
Foto: Vladimir Solomianyi/Unsplash
Hoje, espera-se que a Câmara vote outros pontos centrais do pacote de corte de gastos do governo

dólar abriu em alta nesta quarta-feira (18) e era negociado acima de R$ 6,14 por volta das 9h40. O mercado segue atento ao pacote fiscal do governo brasileiro, enquanto lá fora o dia é marcado pela reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que decide sobre a taxa de juros do país.

Na noite desta terça-feira (17), a  Câmara dos Deputados aprovou uma primeira parte do pacote de corte de gastos enviado pelo governo federal ao Congresso. O texto aprovado proíbe a ampliação de benefícios tributários quando as contas públicas apresentarem desempenho negativo. Além disso, em caso de déficit primário (quando as despesas superam a arrecadação), a proposta ativa um "gatilho" que limita o aumento de gastos com pessoal.

Hoje, espera-se que a Câmara vote outros pontos centrais do pacote, como mudanças nas regras do salário mínimo e abonos salariais, que seguirão para o Senado após a aprovação.

O governo espera que, com a aprovação dessas medidas, o Brasil economize R$ 70 bilhões em 2025 e 2026, e R$ 327 bilhões até 2030. As medidas são vistas como necessárias para equilibrar as contas públicas e atingir a meta de déficit zero nos próximos dois anos. No entanto, o mercado financeiro está cético sobre a eficácia dessas propostas para controlar a dívida pública a longo prazo.

Dólar:

Por volta das 09h40, o dólar subia 0,61%, cotado a R$ 6,1328, chegando a R$ 6,1403 na máxima do dia. Na véspera, a moeda norte-americana subiu apenas 0,02%, alcançando R$ 6,0956, renovando seu recorde nominal (sem ajuste pela inflação).

Ibovespa:

O Ibovespa iniciou os negócios às 10h e, na véspera, subiu 0,92%, fechando aos 124.698 pontos. No acumulado:

  • Alta de 0,07% na semana;
  • Perda de 0,77% no mês;
  • Recuo de 7,07% no ano.

Entenda motivos

O cenário fiscal brasileiro continua a impactar o mercado, uma vez que o governo precisa reduzir os gastos para cumprir sua meta de zerar o déficit público até 2025 — ou seja, o governo pretende gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025.

O arcabouço fiscal, um conjunto de normas para o controle das contas públicas, também estipula que o governo deve começar a gerar superávit (arrecadar mais do que gasta) a partir de 2026, para controlar a dívida pública. 

O mercado, porém, esperava reformas mais profundas, incluindo mudanças nos gastos estruturais, como a previdência e benefícios reajustados pelo salário mínimo. No entanto, essas mudanças não foram contempladas.

Externamente, os investidores estão focados na reunião do Fed, com expectativa de que o banco central dos EUA corte suas taxas de juros em 0,25 ponto percentual, levando-as para a faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A grande maioria do mercado, 95,4%, espera essa redução, segundo a ferramenta FedWatch da CME, que monitora as projeções do mercado.

A expectativa é de que um corte nas taxas de juros nos Estados Unidos beneficie o Brasil, já que juros mais baixos nos EUA podem tornar os títulos públicos americanos menos atrativos.

Isso pode estimular investidores a buscar opções com maior rentabilidade, como os títulos públicos brasileiros, especialmente em um momento em que o Banco Central do Brasil tem elevado a Selic, a taxa básica de juros. O BC indicou que novas altas podem ocorrer nos primeiros meses de 2025.