Carne de baleia volta a ser leiloada após quase 50 anos proibida; veja o preço do quilo

Japão deixou em 2019 acordo que determina a proibição da caça

A Agência de Pesca do Japão adicionou neste ano as baleias-comuns à sua lista de três espécies do mamífero que podem ser legalmente caçadas
Foto: Richard Sagredo/Unsplash
A Agência de Pesca do Japão adicionou neste ano as baleias-comuns à sua lista de três espécies do mamífero que podem ser legalmente caçadas

Japão voltou a comercializar carne de baleias-comuns após quase 50 anos. Na última quinta-feira (12), uma peça da carne foi leiloada por mais de US$ 1.300 (cerca de R$ 7.800) o quilo.

A Agência de Pesca do Japão adicionou neste ano as baleias -comuns à sua lista de três espécies do mamífero que podem ser legalmente caçadas, à medida que o país expande a prática comercial ao longo de sua costa. O  país retomou a caça comercial da espécie depois de sair da Comissão Internacional de Baleia em 2019, que determinou em 1976 que a baleia-comum é uma espécie protegida contra a caça excessiva.

Segundo o Japão, pesquisas sobre os animais confirmaram uma recuperação suficiente das populações de baleias no Pacífico Norte. Autoridades disseram que 30 das baleias – metade da cota de 60 – foram capturadas nesta temporada. O Japão estabeleceu uma cota de captura combinada de 379 para as outras três espécies de baleias: minke, Bryde e baleias-sei.

Leilão de carne de baleia

O leilão contou com cerca de 1,4 tonelada de carne fresca de várias baleias-comuns capturadas na principal ilha de Hokkaido, no norte do Japão. A carne de cauda, conhecida como “onomi”, obteve o preço mais alto do dia: 200 mil ienes (R$ 7.864,04), de acordo com o departamento de promoção de pesca da cidade.

No ano passado, os baleeiros japoneses capturaram 294 baleias minke, Bryde e sei – menos de 80% da cota e menos do que o número de caças na Antártida e no noroeste do Pacífico sob o programa de pesquisa.

Críticas à caça

A prática da caça às baleias no Japão tem gerado polêmica e sido alvo de críticas por parte de grupos conservacionistas. No entanto, os protestos diminuíram consideravelmente após o Japão  ter retomado a caça comercial nas águas japonesas.

Nanami Kurasawa, que lidera um grupo conservacionista Dolphin & Whale Action Network, se opõe à retomada da caça às baleias-comuns, dizendo que elas quase foram extintas depois de uma caçada décadas atrás.

Segundo Kurasawa, os baleeiros querem capturar os animais maiores por causa da eficiência, mas devem investigar mais minuciosamente a população do mamífero disponível.

A carne de baleia no Japão foi uma importante fonte de proteína para a população desnutrida do país nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. O consumo anual atingiu 233 mil toneladas em 1962.

Baixa demanda

Outras carnes substituíram a baleia e o suprimento caiu para cerca de duas mil toneladas nos últimos anos, de acordo com as estatísticas da Agência de Pesca. As autoridades japonesas querem aumentar esse número para cerca de cinco mil toneladas, para manter a indústria.


Especialistas acham improvável que haja muita demanda no Japão, onde a carne de baleia não é mais um alimento familiar e acessível. Nobuhiro Kishigami, professor e especialista em caça às baleias indígenas no Museu Nacional de Etnologia, em Osaka, disse que a carne de baleia é consumida em algumas cidades, mas raramente em Tóquio.

A carne de baleia é mais cara do que outras carnes, deixando de ser algo do cotidiano e se tornando uma iguaria.