O dólar comercial alcançou nesta sexta-feira (6) uma nova máxima histórica nominal de fechamento, encerrando o dia cotado a R$ 6,071. O recorde anterior havia sido registrado na última segunda-feira (2), quando a moeda fechou a R$ 6,065.
O Ibovespa
, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo
, recuava 1,33% às 17h, operando em 126.162 pontos.
A valorização do dólar foi impulsionada pela divulgação de dados positivos do mercado de trabalho nos Estados Unidos
, que indicaram a criação de 227 mil novos empregos.
A notícia reforça a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, adote um corte moderado na taxa de juros, prejudicando mercados emergentes, como o Brasil.
Influências do mercado
Pela manhã, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,984, mas subiu 1% ao longo do dia, fechando em R$ 6,071. A moeda americana para turismo teve uma valorização de 1,45%, alcançando R$ 6,320.
Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, explicou que a valorização do dólar está ligada à perspectiva de um corte moderado de juros nos EUA, em torno de 0,25 ponto percentual.
"Com o mercado de trabalho aquecido, o Fed terá menos espaço para cortes significativos", afirmou Leonel Mattos, analista da StoneX.
A taxa de juros nos EUA impacta diretamente o Brasil. Cortes maiores nos Estados Unidos poderiam atrair investidores para o mercado brasileiro, em busca de taxas mais elevadas.
No entanto, a expectativa de um corte suave reduz o fluxo de dólares para emergentes, pressionando o real.
Impacto do petróleo
A queda de 1,34% no preço do petróleo também influenciou o mercado. Ontem (5), a Opep+ adiou para abril a redução dos cortes voluntários de produção de 2,2 milhões de barris diários, decisão considerada insuficiente pelo mercado.
As ações da Petrobras refletiram esse movimento e pressionaram o Ibovespa para baixo. Os papéis ordinários (PETR3) caíram 1,98%, fechando a R$ 42,15, enquanto as ações preferenciais (PETR4) recuaram 1,26%, encerrando a R$ 39,14.
Acordo Mercosul-União Europeia
Apesar do cenário desfavorável no curto prazo, o real pode se beneficiar no futuro com o acordo entre Mercosul e União Europeia. O tratado, anunciado nesta semana, envolve mais de 718 milhões de pessoas e um PIB conjunto de US$ 22 trilhões, criando a maior parceria comercial e de investimentos do mundo.
O analista Leonel Mattos destacou o potencial do acordo para fortalecer a economia brasileira. "Com maior integração comercial, as exportações brasileiras para a União Europeia podem crescer, aumentando o volume de divisas no médio prazo", afirmou.
Enquanto isso, o mercado aguarda definições de política monetária. O Banco Central do Brasil anuncia sua decisão sobre a taxa Selic na próxima quarta-feira (11), enquanto o Fed se reúne na semana seguinte, no dia 18.