Brasil será o maior beneficiado com acordo Mercosul-UE, diz estudo do IPEA

Conforme o levantamento, PIB brasileiro pode crescer em até 0,46% até 2040, acima do esperado para a UE (0,06%) e os demais países do Mercosul (0,2%)

Lula ao lado de outros presidentes na Cúpula da Mercosul
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Lula ao lado de outros presidentes na Cúpula da Mercosul

Os líderes do Mercosul e da União Europeia (UE) anunciaram nesta sexta-feira (6) o  acordo de livre comércio entre os blocos - do qual o Brasil será o mais beneficiado em termos de PIB, exportações e investimentos, segundo um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), ligado ao governo.

De acordo com o levantamento, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode crescer em até 0,46% ao ano até 2040, acima do esperado para a União Europeia (0,06%) e os demais países do Mercosul (0,2%). O acordo aumentaria os investimentos no Brasil em 1,49%, na comparação com o cenário sem a parceria.

Entre os principais pontos previstos no acordo, está a isenção de tarifas para quase 91% dos produtos exportados pelo Mercosul. Além disso, a UE irá isentar 82% das importações agrícolas do Mercosul e dará acesso preferencial com menor tarifa para 97% dos produtos oriundos dos países do bloco.

Além disso, a pesquisa estima que as exportações brasileiras tenham um crescimento de 3% ao ano, bem como as importações.

Com isso, o estudo estima que a importação brasileira atinja um pico de US$ 12,8 bilhões em 2034. Depois, deve recuar para US$ 11,3 bilhões em 2040. As exportações, por sua vez, aumentariam continuamente no período até alcançarem um ganho acumulado de US$ 11,6 bilhões.

CNI avalia cenário positivo para a indústria no Brasil

Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o acordo traz como potenciais benefícios a diversificação das exportações, a ampliação da base de parceiros comerciais e o fortalecimento da competitividade do Brasil ao nível global. Negociado com foco em princípios de equilíbrio e sustentabilidade, o acordo tem potencial de impulsionar a produtividade e ampliar a integração internacional da indústria brasileira, promovendo ganhos econômicos e sociais de longo prazo.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que o acordo é um marco estratégico para o Brasil, por conectar a economia brasileira a um dos principais blocos econômicos do mundo, criando oportunidades para agregar valor à pauta exportadora e fortalecer a indústria do país contribuindo para um crescimento econômico.

“Além de diversificar nossas exportações e ampliar a base de parceiros comerciais, elevando o acesso preferencial brasileiro ao mercado mundial de 8% para 37%, o acordo trará uma inserção internacional alinhada com a agenda de crescimento inclusivo e sustentável, o que é essencial para garantir ganhos econômicos e sociais de longo prazo, e reforçar a competitividade global do Brasil”, afirma Alban.

O acordo representará um passo importante para reverter o processo de re-primarização das exportações nacionais. Com a abertura do mercado europeu, aproximadamente 97% das exportações industriais brasileiras ao bloco terão tarifa zero assim que o acordo entrar em vigor. Essa medida incentivará a indústria do Brasil a exportar bens de maior valor agregado para um mercado altamente competitivo, com um PIB per capita de US$ 40,8 mil, fortalecendo a presença do país em cadeias globais de valor e promovendo a diversificação da pauta exportador

"Marco histórico", diz presidente da UE

Após 25 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi anunciado oficialmente nesta sexta, após uma reunião dos líderes dos blocos na cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai. O tratado, que visa criar um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, pode se tornar o maior pacto comercial da história da humanidade.

Em comunicado conjunto, os blocos ressaltaram o “intenso processo de negociações para ajustar o acordo aos desafios atuais enfrentados nos níveis nacionais, regionais e global”.

Em coletiva de imprensa, von der Leyen classificou o acordo com o Mercosul como uma "vitória para Europa".

"Este é um acordo ganha-ganha, que trará benefícios significativos para consumidores e empresas, de ambos os lados. Estamos focados na justiça e no benefício mútuo. Ouvimos as preocupações de nossos agricultores e agimos de acordo com elas. Este acordo inclui salvaguardas robustas para proteger seus meios de subsistência".