O Brasil registrou em 2023 o menor número de jovens entre 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham desde o início da série histórica , em 2012. São 10,3 milhões de brasileiros nessa situação, o equivalente a 21,2% da população dessa faixa etária, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (4).
Os dados de 2023 estão mais próximos do observado entre 2012 e 2014 e melhor do que no período pré-pandemia, de 2016 a 2019, destacou a pesquisa.
O instituto aponta o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento do número de jovens nas escolas no período pós-pandemia para explicar boa parte do resultado. Segundo o IBGE , há também um efeito de mudanças demográficas, com a diminuição da parcela de jovens no total da população brasileira.
Mulheres e pobres são maioria
De acordo com a pesquisa, os mais afetados entre os chamados “nem-nem” são jovens mulheres e os de famílias mais pobres. Entre os 10% com as menores rendas,49,3% dos jovens ainda estava fora do mercado de trabalho e de instituições de ensino no ano passado. O número é 7,5 vezes maior do que o observado nos lares do topo da distribuição de renda.
Entre os 10% mais ricos, a taxa é de apenas 6,6%. Essa desigualdade ainda se ampliou em relação a 2022, quando a diferença era de sete vezes. As taxas dos que não estudam e nem trabalham aumentaram entre os mais pobres enquanto houve redução entre jovens das classes médias.
Em comparação com 2012, a taxa de nem-nem aumentou entre os mais pobres de 42,1% para 49,3% — 7,2 pontos percentuais.
Dos 10,3 milhões dos jovens que se enquadram na estatística de 2023, 6,7 milhões — ou 65% — eram mulheres. Os outros 35% representam 3,6 milhões de homens. As mulheres negras ou pardas são as que mais enfrentam desafios de inserção no trabalho e nos estudos.
Havia 4,6 milhões de mulheres jovens nessa condição, uma queda de apenas 1,6% entre 2022 e 2023, quando passaram a representar 45,2% do total dos que não estudam e nem trabalham. Já as mulheres brancas, que somavam 1,9 milhão, tiveram uma redução de 11,9% no mesmo período. E os homens pretos ou pardos, 9,3%.
Fatores externos ao mercado
Segundo o instituto, as mulheres costumam ser a maioria entre os nem-nem devido a fatores culturais e estruturais, que não estão diretamente ligados à situação do mercado de trabalho. Os afazeres domésticos e os cuidados de parentes representam o principal motivo para elas estarem nesta condição.
No estudo, o IBGE diz que "isso as impede de ir em busca de uma colocação no mercado de trabalho devido à falta de rede de apoio, além de oferta adequada de creches públicas e asilos ou centros de lazer para pessoas idosas".