Com uma oferta de R$ 2,190 bilhões, o consórcio EcoRodovias venceu o leilão do Lote Nova Raposo , assumindo a concessão de 92 km de rodovias na região metropolitana de São Paulo por 30 anos. O valor superou em mais de 400 vezes o lance mínimo estipulado, que era de R$ 4,6 milhões.
A disputa aconteceu nesta quinta-feira (28), na Bolsa de Valores ( B3 ), em São Paulo, com a participação de quatro concorrentes: EcoRodovias , CCR , Via Appia e EPR . Os lances apresentados foram os seguintes:
Via Appia Concessões S/A: R$ 477.480.000
- CCR S/A: R$ 1.400.000.000
- EPR 2 Participações S/A: R
- EPR 2 Participações S/A: R$ 1.170.800.000nbsp;1.170.800.000
- EcoRodovias Concessões e Serviços AS: R$ 2,190 bilhões
Após a vitória, Marcelo Guidotti, CEO da EcoRodovias, destacou o compromisso da empresa com o projeto.
"Parabéns pelo leilão. É um ativo importante. A gente estudou muito bem, é um desafio muito grande para a EcoRodovias [...] Estamos seguros do nosso lance, estamos seguros do estudo. Vamos em frente", declarou.
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, reforçou a importância de planos climáticos no projeto.
“Vocês vão ter, por exemplo, obrigação em relação a desenvolver planos de resiliência climática, olhar como é que a gente sempre enfrenta a questão de meio ambiente, de sustentabilidade, com uma forma responsável”, disse.
O governador Tarcísio de Freitas também elogiou o avanço dos leilões de infraestrutura, citando a recente privatização da Sabesp. "Essa privatização vai deixar um grande legado, o legado da universalização do saneamento [...]. Nós estamos indo na direção certa”, reforçou.
Intervenções previstas no Lote Nova Raposo
A concessão abrange trechos das rodovias Raposo Tavares (SP-270), Castelo Branco (SP-280) e Coronel Nelson Tranchesi (SP-029), além de vias em Cotia e Embu das Artes. As obras previstas incluem:
- Construção de 48,6 km de pistas marginais na Raposo Tavares;
- Ampliação de 31,2 km de faixas adicionais na Raposo e 43,7 km na Castelo Branco;
- Construção de um túnel ligando o final da Raposo à Av. Francisco Morato, em São Paulo;
- Sistema de pedágio "free flow" em 15 pontos;
- Investimentos estimados em R$ 8 bilhões ao longo do período de concessão.
Críticas e oposição ao projeto
O movimento "Nova Raposo Não", composto por engenheiros, moradores e comerciantes, critica a falta de diálogo e os possíveis impactos do projeto. Segundo uma pesquisa encomendada pelo grupo, 63% dos mais de 2 mil entrevistados desconheciam o projeto, e 77% dos que tinham conhecimento consideraram que ele traria prejuízos, como aumento da poluição e redução de áreas verdes.
"O projeto vai aumentar o fluxo de carros, colocar pedágios, desapropriar casas, derrubar árvores, e a gente não vê nenhuma melhoria no transporte público", afirmou Sabrina Teixeira, moradora da região.
O professor Ernesto Maieiro reforçou a preocupação com os impactos ambientais, chamando o projeto de “desastre”.
“No momento em que a gente vive essa crise climática, o governo vem aumentar o risco, porque ele pretende colocar mais automóveis, mais concreto”, completou.
O governo estadual declarou que o projeto foi submetido a consulta pública por 30 dias e que 60% das sugestões foram incorporadas. O movimento, porém, contesta e defende alternativas como ampliação da frota de ônibus e implantação de metrô ou VLT para Cotia. Novas audiências públicas estão previstas para discutir questões ambientais antes do início das obras.