Em discurso na TV, Haddad confirma isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

Ministro também disse que quem ganha mais de R$ 50 mil pagará mais impostos

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, fez discurso nesta quarta-feira (27)
Foto: Reprodução/ Governo do Brasil
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, fez discurso nesta quarta-feira (27)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad , apresentou nesta quarta-feira (27) as principais medidas do pacote de corte de gastos previsto pelo governo para conter o arcabouço fiscal. O governo espera, assim, economizar até R$ 70 bilhões  em dois anos.

Haddad confirmou a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. O ministro da Fazenda também anunciou que quem ganha mais de R$ 50 mil por mês pagará mais impostos, mas não deu detalhes de como será.

A equipe econômica fará uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (28) para mais esclarecimentos sobre as medidas divulgadas na noite desta quarta-feira. 

O ministro comentou diversas mudanças a serem implantadas a partir de 2025, algumas de modo gradual. O ministro falou sobre mudanças no salário mínimo, nova fase do Imposto de Renda da Pessoa Física , mudanças do abono salarial , entre outras.

"Combater a inflação, reduzir o custo da dívida pública e ter juros mais baixos é parte central de nosso olhar humanista sobre a economia. O Brasil de hoje não é mais o Brasil que fechava os olhos para as desigualdades e para as dificuldades da nossa gente. Quem ganha mais deve contribuir mais, permitindo que possamos investir em áreas que transformam a vida das pessoas", disse o ministro.

Mudanças no IR

Uma das mudanças mais impactantes é nas regras do pagamento do imposto de renda. De acordo com as mudanças, o governo optou por uma abordagem mais populista. Dessa forma, serão isentos de IR quem recebe até R$ 5 mil por mês.

Para compensar a perda de arrecadação, o governo pretende taxar pessoas com salários mais altos. Haddad confirmou que pessoas com renda acima de R$ 50 mil ao mês terão uma “pequena” taxa aplicada a mais no IR.

"A nova medida não trará impacto fiscal, ou seja, não aumentará os gastos do governo, porque quem tem renda superior a R$ 50 mil por mês pagará um pouco mais. Tudo sem excessos e respeitando padrões internacionais consagrados", afirmou Haddad.

Aumento do salário mínimo

Falando sobre o salário mínimo, Haddad garantiu um aumento real. “Devolvemos ao trabalhador e à trabalhadora o ganho real no salário mínimo. [...] e com as novas regras propostas, o salário mínimo continua subindo acima da inflação, de forma sustentável e dentro da nova regra fiscal.”

Haddad não deixou claro qual seria a “nova regra fiscal.” Porém, de acordo com O Globo, o governo pretende calcular o aumento do salário mínimo a partir do aumento do arcabouço fiscal. Caso seja essa a aplicação, o valor deve ter reajuste de até 2,5%.

“No passado recente, a falta de justiça tributária manteve privilégios para os mais ricos, sem avanços na distribuição de renda, agora arrecadamos de forma mais justa e eficiente,” comentou.

Emendas parlamentares

Haddad também destacou uma nova destinação obrigatória para parte dos recursos. “Além disso, 50% das emendas das comissões do Congresso passarão a ir obrigatoriamente para a saúde pública, reforçando o SUS”, disse o ministro.

A medida visa garantir maior previsibilidade fiscal e reforçar áreas essenciais, como o Sistema Único de Saúde (SUS).

Aposentadorias militares

Como previsto, o ministro falou sobre mudanças nas aposentadorias de militares. Ele prometeu “aperfeiçoar os mecanismos de controle” e “promover mais igualdade com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferências de pensões".

Haddad também prometeu “mais mudanças”, mas não entrou em detalhes durante o discurso. O ministro também garantiu novas regras para limitar a concessão de benefícios fiscais.

“Para garantir os resultados que esperamos, em caso de déficit primário, ficará proibida a criação, ampliação ou prorrogação de benefícios tributários”, disse. A ideia é que caso o governo apresente déficit nas contas públicas, o governo ficará impedido de criar novos benefícios ou ampliar os existentes.

As medidas apresentadas pelo ministro da Fazenda irão ser apresentadas e votadas pelo Congresso Nacional. Haddad diz ter “esperança” de uma aprovação das propostas ainda neste ano, mesmo com o prazo muito curto até 2025.