Carrefour a Atacadão têm carnes até quarta, pelo menos

Empresários brasileiros se unem contra a rede de supermercados em protesto ao CEO global que suspendeu a compra de carne brasileira na França

Carrefour, supermercado
Foto: SHOX art/ Divulgação
Carrefour, supermercado

Com a suspensão das entregas de diversos frigoríficos, incluindo JBS, Marfrig e Masterboi, desde a última quinta-feira (21), lojas da rede Carrefour e Atacadão mantêm estoques até, pelo menos, a próxima quarta-feira (27) nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, onde a demanda é tradicionalmente mais alta. A informação é do jornal O GLOBO.

Procurada pela imprensa, a rede de supermercados não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. No entanto, uma fonte do setor revelou que as vendas estão sendo monitoradas em tempo real.

Outra fonte comentou que o Atacadão, que recebe mercadorias diretamente dos frigoríficos, deverá esgotar seus estoques antes. Já o Carrefour, por conta de seu centro de distribuição, possui um estoque maior. Até o momento, o Grupo Carrefour afirma que não há falta de produtos em suas lojas. "Em geral, o estoque dura de três a quatro dias", disse uma das fontes.

O movimento de boicote ao Carrefour no Brasil tem ganhado força, com empresários brasileiros se unindo aos frigoríficos que deixaram de vender carne para a rede de supermercados francesa no país. O boicote foi motivado pela decisão do CEO global do Carrefour de suspender as compras de carne brasileira na França como forma de protesto contra o avanço do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Agora, empresários de diferentes segmentos estão pregando a suspensão de compras nas lojas brasileiras do Carrefour, como uma forma de retaliar a atitude do executivo. A ação conta com o apoio do Congresso e do governo brasileiros.

Edson Pinto, diretor-executivo da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp), destacou que muitos de seus associados começaram a aderir ao movimento de suspensão de compras em nome da "defesa da economia nacional" e dos produtos brasileiros no exterior.

“Estão começando a aderir. Somos 500 mil empresas apenas no estado de São Paulo. Outras entidades, como no Paraná, também se juntaram. Monitoramos todos os comentários nas redes sociais e nas mídias, e 98% dos comentários são favoráveis à nossa ação e afirmam que vão aderir também”, disse Pinto.

Na última sexta-feira (22), a associação convocou todos os associados a suspenderem compras nas redes Carrefour, Atacadão e Sam's Club, que fazem parte do Grupo Carrefour. Em resposta, o Carrefour informou estar em “diálogo constante na busca de soluções” para retomar o fornecimento de carne em suas lojas “o mais rápido possível, respeitando os compromissos com seus mais de 130 mil colaboradores e milhões de clientes no Brasil”. A rede ainda afirmou que não há lojas desabastecidas até o momento.

Nesta terça-feira (25), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) se reunirá com associações e empresas do seu conselho administrativo para discutir a situação envolvendo o Carrefour. A Abrasel, que representa bares e restaurantes de todo o Brasil, também está articulando uma ação de grande impacto, segundo fontes próximas à organização.

Na última sexta-feira, entidades do setor publicaram uma carta aberta em protesto, questionando a postura do Carrefour em relação à carne brasileira.

"Se uma carne brasileira não serve para abastecer o Carrefour na França, é difícil entender como ela poderia ser considerada adequada para abastecer qualquer outro mercado. Afinal, se o Brasil, com suas práticas sustentáveis, sua legislação ambiental rigorosa e sua vasta área de preservação, não atenderia aos critérios do Carrefour para o mercado francês, então, provavelmente, não atenderia aos critérios de nenhum outro país", afirmaram.