O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard , anunciou nesta quarta-feira (20), em suas redes sociais, que a rede varejista francesa deixará de comercializar carne dos países do Mercosul, bloco formado por Brasil , Argentina , Paraguai e Uruguai . ( Veja o comunicado abaixo ).
A mensagem, endereçada a Arnaud Rousseau , presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França ( FNSEA ), foi publicada no Instagram, X (antigo Twitter ) e LinkedIn de Bompard . As informações foram divulgadas pelo g1 .
“Assumimos hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”, afirmou o executivo.
O comunicado não detalha se todas as lojas do Carrefour da Europa vão parar de comprar carne do Mercosul, ou se a medida envolve apenas o Carrefour França.
Procurado, o Grupo Carrefour Brasil informou que a decisão não afeta as operações no país. “Nada muda nas nossas atividades no Brasil”, declarou a empresa, sinalizando que os supermercados brasileiros do grupo continuarão comprando carne de frigoríficos nacionais.
Apesar disso, o grupo não divulgou dados sobre o volume de carne adquirida e comercializada do Mercosul ou especificamente do Brasil.
Reações da decisão
A decisão foi tomada em meio a protestos de agricultores franceses contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. A medida também surge no contexto de uma nova legislação europeia que proíbe a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas. Prevista para entrar em vigor no final de 2023, a lei foi adiada para 2025.
Além disso, o posicionamento do Carrefour ocorre após a polêmica envolvendo a Danone, outra gigante francesa. No final de outubro, o diretor-financeiro da empresa, Juergen Esser, afirmou que a companhia havia parado de importar soja brasileira.
Após a repercussão negativa, representantes da Danone no Brasil e na América Latina esclareceram que a declaração de Esser continha “informações incorretas” e que a empresa continuava comprando soja nacional.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ainda não se pronunciaram.
O impacto dessa decisão no mercado europeu e no comércio do Mercosul será acompanhado de perto, especialmente em um momento de tensões comerciais e pressões ambientais crescentes.
Veja a mensagem completa
"Em toda a França, ouvimos o desespero e a indignação dos agricultores diante do projeto de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas.
Em resposta a essa preocupação, o Carrefour quer agir em conjunto com o setor agrícola e assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul.
Esperamos inspirar outros atores do setor agroalimentar e impulsionar um movimento mais amplo de solidariedade, além do papel da distribuição, que já lidera a luta em favor da origem francesa da carne que comercializa.
Faço um apelo especial aos atores da restauração fora de casa, que representam mais de 30% do consumo de carne na França – mas onde 60% é importada – para que se unam a esse compromisso.
Somente unidos poderemos garantir aos pecuaristas franceses que não haverá nenhuma possibilidade de contornar essa questão.
No Carrefour, estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer."