Deputada Erika Hilton propõe fim da jornada 6x1 e PEC já tem 1,3 milhão de apoiadores

Com apoio crescente, proposta visa alterar regras trabalhistas da CLT, buscando mais qualidade de vida para os trabalhadores

Pelo X, deputada Erika Hilton defende fim da jornada 6×1
Foto: Caio Barbieri
Pelo X, deputada Erika Hilton defende fim da jornada 6×1

A deputada  Erika Hilton (PSOL) lidera uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa extinguir a jornada de trabalho 6x1 , em que os profissionais atuam por seis dias consecutivos e têm apenas um dia de descanso semanal. A proposta vem ganhando forte apoio nas redes sociais e é um reflexo do movimento mais amplo em defesa de melhores condições de trabalho, especialmente em relação à qualidade de vida dos trabalhadores.

A PEC de Hilton foca em modificações em normas que datam de 1943, estabelecidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Desde sua criação, a CLT permite jornadas de trabalho de seis dias consecutivos, desde que haja pelo menos um descanso semanal. No entanto, o texto constitucional, embora garanta o "repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos", não especifica a duração desse período de descanso. A definição exata é deixada para a CLT, que determina, como mínimo, um descanso de 24 horas consecutivas.

O artigo 7º da Constituição, por sua vez, estabelece que a jornada diária de trabalho não deve ultrapassar 8 horas, e que a carga horária semanal deve ser limitada a 44 horas. O modelo 6x1, portanto, é possível dentro desse limite, já que permite que as horas sejam distribuídas ao longo da semana, incluindo a possibilidade de seis dias de trabalho seguidos por um único dia de descanso.

Desde a promulgação da CLT, várias reformas nas leis trabalhistas foram feitas, sendo a mais recente a reforma de 2017, que introduziu o trabalho intermitente e flexibilizou a compensação de horas extras. No entanto, a exigência do mínimo de 24 horas de descanso semanal remunerado não foi alterada. A proposta de Hilton visa, portanto, modernizar e melhorar esse modelo, buscando um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal.

Apoio nas redes e no Congresso

A proposta de fim da jornada 6x1 começou a ganhar força com o Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), uma campanha que surgiu nas redes sociais com o objetivo de combater o modelo de jornada excessiva. O movimento foi fundado por Rick Azevedo, que se tornou uma figura conhecida no debate trabalhista e foi eleito o vereador mais votado pelo PSOL nas últimas eleições.

Para que a PEC avance no Congresso, ela precisa obter o apoio de 171 parlamentares. Até o momento, a deputada Hilton conseguiu 71 assinaturas de apoio, mas a proposta tem ganhado tração nas redes, com mais de 1,3 milhão de pessoas assinando uma petição pública em defesa do projeto. Neste sábado, o tema foi um dos mais comentados no X (anteriormente Twitter), mostrando o crescente apoio da população à causa.

“A carga horária imposta pela escala 6x1 tem impactos negativos diretos na saúde e no bem-estar dos trabalhadores. Essa jornada afeta sua qualidade de vida, compromete relações familiares e aumenta os riscos de doenças relacionadas ao estresse e ao desgaste físico e mental”, afirmou a deputada Hilton, ao justificar a necessidade de uma audiência pública para discutir o tema.

Embora o apoio parlamentar ainda seja um desafio, a adesão nas redes sociais tem sido significativa. O movimento já alcançou um grande número de pessoas que, em sua maioria, veem a mudança como uma necessidade urgente para garantir que os trabalhadores tenham mais tempo para a vida pessoal e para o descanso adequado.