Um estudo realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela que a falta de energia que afeta uma parte considerável da cidade de São Paulo pelo quarto dia resultou em cerca de R$ 1,65 bilhão de prejuízo para o comércio.
De acordo com a FecomercioSP, os dados incluem o faturamento que as empresas deixaram de registrar durante esse período e as perdas acumuladas até a segunda-feira (14). Nesta terça-feira (15), o apagão completou seu quarto dia, com mais de 250 mil endereços ainda sem eletricidade na Grande São Paulo.
Os prejuízos no varejo, especificamente, são estimados em pelo menos R$ 536 milhões nos três dias em que parte do setor ficou inoperante na cidade. Já o segmento de serviços registrou perdas de R$ 1,1 bilhão.
“Esses números foram calculados com base no fato de que, aos finais de semana, o comércio em São Paulo costuma faturar cerca de R$ 1,1 bilhão por dia, enquanto os serviços geram receitas de aproximadamente R$ 2,3 bilhões”, informou a federação em um comunicado divulgado na madrugada desta terça-feira (15).
“Ainda é possível que esse valor aumente, uma vez que a Enel, responsável pela distribuição de energia, ainda não forneceu informações concretas sobre o restabelecimento do serviço para todos os imóveis afetados”, acrescentou a Fecomércio-SP.
A federação destacou que está atuando desde a última sexta-feira (11) para apoiar os setores mais impactados pelo apagão, mantendo diálogos com autoridades, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Prefeitura de São Paulo, ao mesmo tempo em que exige que a Enel restabeleça a energia o mais rápido possível.
Com a atual interrupção, que entra em seu quarto dia, a situação se torna ainda mais preocupante, considerando que o apagão anterior, no final de 2023, durou uma semana. Segundo a entidade, a falta desse serviço essencial gera problemas significativos para a população e enormes prejuízos para os empresários.
“Para a FecomercioSP, é inaceitável que a maior metrópole brasileira sofra com constantes cortes de energia, como vem acontecendo nos últimos meses. Pior do que isso, a cidade não pode ficar tanto tempo sem eletricidade em meio a esses episódios.
“A federação tem apontado à Enel como muitas empresas estão contabilizando perdas econômicas a cada dia sem luz, como mercados, restaurantes, farmácias e lojas do varejo, além de serviços que ficam impossibilitados de operar, já que, além da energia, estão sem acesso à Internet. Sem contar os custos excedentes para estabelecimentos que, diante da situação alarmante, não viram outra opção que não locar geradores, contratar mão de obra extra ou comprar combustíveis para manter dispositivos operando”, declarou.
Apagão
A Enel Distribuição SP informou nesta terça-feira (15) que, até às 6h deste quarto dia de apagão, aproximadamente 250 mil imóveis na Grande São Paulo permaneciam sem energia elétrica. No comunicado, não foram especificados quantos pertencem à capital e quantos estão em outros municípios.
A interrupção no fornecimento de eletricidade segue um forte temporal que atingiu o estado na última sexta-feira (11).
A Prefeitura de São Paulo relatou ter registrado 386 ocorrências de quedas de árvores até a segunda-feira (14). Dentre essas, 75 ainda aguardam a intervenção da concessionária para que as equipes municipais possam iniciar os trabalhos de remoção.
O temporal também afetou 150 escolas, com 68 delas sem energia, conforme informou a Secretaria Estadual da Educação.
“Amanhã (15), não haverá aulas nas escolas estaduais devido ao Dia do Professor. As unidades sem energia já entraram em contato com a concessionária responsável e estão aguardando a manutenção da rede. As equipes técnicas da Seduc-SP continuarão realizando os reparos para que as aulas possam ser retomadas na quarta-feira (16)”, detalhou a pasta.
De acordo com a Enel, em um acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a empresa se comprometeu a restabelecer totalmente o fornecimento de energia a todos os clientes em um prazo de três dias.
"Para situações críticas, a Enel disponibilizou 500 geradores, sendo 40 de grande porte, para serviços essenciais, como hospitais e outros locais que dependem de eletricidade para o funcionamento de equipamentos médicos", explicou a empresa.
Mutirão
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que outras concessionárias se unirão em uma força-tarefa para ajudar a Enel na recuperação do fornecimento de energia para os muitos imóveis da capital e da Grande São Paulo ainda sem luz nesta segunda-feira (14). “Com a colaboração das distribuidoras CPFL, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light e Energisa, estamos aumentando o número de profissionais de 1.400 para 2.900, além de contar com mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes”, afirmou.
A distribuidora Neoenergia Elektro também está participando da força-tarefa, enviando equipes do interior do estado para auxiliar a Enel.
Durante uma coletiva, o ministro criticou a falta de previsões da empresa sobre a normalização do serviço, acusando a Enel de “beirar a burrice” ao se modernizar e reduzir sua força de trabalho. Ele também dirigiu duras críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), acusando-o de divulgar informações incorretas sobre o contrato com a Enel e clamou por um melhor planejamento urbano.
"Quando a Enel declarou que não tinha previsão de restabelecimento, cometi um grave erro de comunicação e não cumpriu seu compromisso contratual com a população de São Paulo", declarou Silveira, exigindo que a empresa resolva os problemas mais críticos nos próximos três dias.
Guilherme Lencastre, presidente da Enel, destacou no sábado (12) que a companhia já disponibilizou 500 geradores para atender hospitais e estabelecimentos que sofrem com a falta de luz. Ele também mencionou que dois helicópteros estão sobrevoando as linhas de transmissão para identificar problemas.
Lencastre atribuiu os transtornos ao vento forte que atingiu a capital e a Grande São Paulo, com rajadas que superaram 107,6 km/h, mas não forneceu um prazo para o restabelecimento total da energia na área de concessão.
A falta de eletricidade também impactou o abastecimento de água em várias cidades da região entre sábado (12) e esta segunda-feira (14), conforme relatado pela Sabesp. A empresa explicou que a interrupção do fornecimento de energia prejudicou o funcionamento de estações elevatórias e boosters, equipamentos essenciais para transportar água a locais mais altos.
A situação já foi normalizada na maioria das áreas, exceto em Mauá, onde o fornecimento ainda está sendo regularizado, apresentando intermitências em diversos bairros. Na Zona Sul da capital, bairros como Parque do Lago e Vista Alegre também enfrentam dificuldades. A Sabesp pediu aos moradores dessas regiões que utilizem a água de forma consciente enquanto a recuperação do sistema é feita.
Segundo a Defesa Civil, sete pessoas morreram na região metropolitana e no interior do estado como resultado das intempéries. Três delas em Bauru, no interior, e quatro na Região Metropolitana:
- Bauru: três mortes após queda de muro;
- São Paulo: uma morte após queda de árvore no bairro Campo Limpo;
- Diadema: uma morte após queda de árvore;
- Cotia: duas mortes após queda de muro.
- Queda de poste na Avenida Morumbi, Zona Sul de SP
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