O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) acontece nesta terça, 30, e quarta, 31. Uma das principais pautas é a decisão sobre aumento ou não da taxa Selic. Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa deverá seguir inalterada - porém, no futuro, pode haver alta de juros para honra de compromisso fiscal do Governo.
Taxa de juros deve aumentar?
Um aumento futuro na taxa de juros pode ser consequência ou alternativa de manter a Selic em 10,5% agora. É improvável, porém, que taxa diminua. Pedro Oliveira , tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, explicou:
"O Brasil tem fatores pesando mais para manter ou aumentar a taxa de juros do que cortar. Primeiro pelo cenário fiscal; mesmo com a arrecadação subindo 9,08% real nos últimos 12 meses, ainda temos projeção de déficit para 2024 e 2025. O corte de R$ 25,9 bilhões no orçamento de 2025 parece ser insuficiente para cumprir a meta fiscal e o colegiado deve cobrar isso em sua comunicação."
O banco Itaú ressaltou que "historicamente, o Copom não tem reagido a desvios modestos das projeções em relação à meta. Nos ciclos anteriores, o Banco Central começou a elevar a taxa de juros quando enxergava um ciclo de no mínimo 1,00 p.p.." - e comentou sobre a "regra de bolso", na qual esse aumento ocorreria "para cada 0,30 p.p. de desvio da projeção no horizonte relevante (6 trimestres à frente) em relação à meta."
Porém, Oliveira também pesa os pontos positivos para possível equilíbrio de compromisso fiscal: taxas de desemprego mínimas históricas e inflação dentro da meta ( embora, vale lembrar, esteja no teto).
Influência de dólar
O dólar sofreu grande aumento no ano e foi além do projetado pelo Copom. A oscilação e desvalorização do real influenciam diretamente no índice inflacionário.
Oliveira acredita que no cenário de vitória de Trump nas eleições presidenciais dos EUA, haverá fortificação do dólar; má notícia para o real, no geral, em cenário de rombo fiscal. O tesoureiro acredita que "a única maneira do real se valorizar novamente frente o dólar é o governo recuperar sua credibilidade fiscal."
Na contramão da economia global
A alta de juros pode ser ainda mais preocupante quando comparada ao cenário global. Boa parte do mundo prevê queda nos juros - o que pode levar a mais desconfiança do real e Brasil.
“De um lado temos o mercado financeiro precificando três altas de juros ainda este ano, levando a Selic a 11,50%, de outro temos o mercado americano precificando três quedas de juros nos EUA para o mesmo período. Deverá o nosso Banco Central subir juros, quando as principais economias do mundo começam um ciclo de queda?” disse Pedro.
Inflação deve aumentar?
Especialistas do Itaú acreditam que a projeção inflacionária deve crescer tanto para 2025 quanto para 2026, embora de maneira mais discreta no último. Mas o aumento dependerá bastante da definição de taxa de juros:
"Desde o último Copom, a expectativa de inflação para 2025 teve elevação adicional de 16 pontos base, para 3,96%, enquanto para 2026 não mudou (3,60%). [...] Esperamos alta das projeções de inflação de 3,4% para 3,7% em 2025 e de 3,2% para 3,3% em 2026, no cenário de referência. No cenário alternativo, com juros constantes, o incremento deve ser de 3,1% para 3,5% em 2025."