Sebrae critica fim do parcelamento sem juros e defende empreendedores

Entidade diz que medida prejudicaria comércio e varejistas

Foto: Reprodução: iG Minas Gerais

O presidente do Sebrae, Décio Lima, fez críticas nesta segunda-feira (6) à possibilidade de eliminação do parcelamento do cartão de crédito.

A medida é cogitada por áreas da economia do governo , para impor um limite no juros rotativos, um dos principais responsáveis pelo endividamento dos brasileiros. 

A entidade voltada a pequenos empreendedores se uniu a políticos da Frente Parlamentar do Comércio e também do Empreendedorismo contra a pressão de bancos para pôr limites à modalidade de pagamento.


Em entrevista à CNN, Lima criticou o Banco Central e disse que o parcelamento sem juros é usado por 90% dos brasileiros, principalmente no varejo.

“Nos assusta essa possibilidade aventada pelo Banco Central, será extremamente grave, seria um verdadeiro absurdo. Se acabar, nós vamos inviabilizar um grande universo de empreendedores. Eles não vão mais existir. Vamos também afetar o consumo das pessoas. Essa é uma conquista do povo brasileiro. Há uma cultura popular de pedir desconto ou parcelar sem juros”, disse Lima.

O tema faz integrantes do governo e Banco Central discordarem. O setor de empreendedorismo, comércio e varejo já levou a inconformidade com o assunto para ministros de governo, como o da Fazenda, Fernando Haddad.

Contexto da situação 

A discussão em torno do parcelamento do cartão de crédito acontece há alguns meses. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou a possibilidade de mudança no parcelado sem juros pela primeira vez em agosto. Na época, ele disse que a modalidade é um dos principais fatores que levam o consumidor ao juro rotativo e, consequentemente, à inadimplência. 

Em 16 de outubro, a instituição sugeriu limitar em até 12 parcelas sem juros em compras no cartão de crédito. Na ocasião, Campos Neto estava reunido com representantes do comércio, maquininhas e bancos, mas a reunião acabou sem consenso.

Além do Sebrae, diversas associações já se manifestaram contrárias a qualquer tipo de mudança. É o caso da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Proteste, Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Afrac (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços), Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). Todas reiteram que não existe dado que comprove a relação entre o parcelamento e a inadimplência da população.

A proposta de limitar o parcelamento está relacionada às discussões sobre os juros do crédito rotativo. Em agosto, a taxa de juros do crédito rotativo ficou em 445,7%. A alta foi de 4,4 pontos percentuais em relação ao mês de julho.