O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto , disse nesta quarta-feira (27) que apoia a taxação de empresas offshore, que são contas bancárias abertas em territórios onde há menor tributação. Em 2021, uma investigação chamada "Pandora Papers" revelou que Campos Neto possui uma conta desse tipo com capital de um milhão de dólares até 2018, sob custódia da Overseas Management Company (OMC).
O presidente do BC também afirmou que apoia o projeto do Ministério da Fazenda de aumentar a arrecadação por meio da taxação dos "fundos exclusivos", conhecidos como fundos dos "super-ricos".
"Sou a favor da taxação de fundos exclusivos, sou a favor da taxação das offshore (rendimentos no exterior). Aliás, diga-se de passagem, no governo anterior tinha um projeto de offshore, que a gente queria fazer a taxação e eu achava que a alíquota para a taxação tinha que ser mais alta. Eu achei que 10% era razoável, mas voltou para 6%. Acho que é baixo. Tem que taxar mais", disse.
Campos Neto participa na manhã desta quarta de uma audiência na Câmara dos Deputados, ao atender uma convocação do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Mais tarde, às 17h30, se encontrará com o presidente Lula.
Na convocação, Campos Neto também defendeu a manutenção da meta de zerar o déficit em 2024, mesmo que isso implique em mais medidas de aumento na arrecadação.
"Hoje, o importante é persistir na meta. A nossa mensagem é de persistência, bem alinhada com o que o ministro (da Fazenda, Fernando) Haddad, tem dito. Esse é um caminho bem promissor. E mesmo que a meta não seja cumprida exatamente, o que os agentes econômicos vão ver será o esforço feito na direção de cumprir as metas", disse, na audiência.
Campos Neto disse ainda que o mercado desconfia da capacidade do governo em conseguir atingir a meta, mas também afirmou que os mesmos têm errado quando se trata de projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
“Os economistas têm sido mais pessimistas em relação ao crescimento, o que nos faz pensar que tem alguma coisa estrutural no crescimento, que é o efeito cumulativo de várias reformas feitas ao longo dos últimos anos e vários governos que começou a ter um impacto positivo”, declarou.
A presença de Campos Neto na Câmara foi aprovada para que o banqueiro possa explicar a política de juros. Em agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o ciclo de cortes da taxa básica de juros, ao reduzir a Selic de 13,75% para 13,25%. Na última semana, houve uma redução na mesma base e a taxa está em 12,75%.
A expectativa é que a taxa de juros termine o ano em 11,75%. Segundo o presidente do BC, a ideia é dar um "pouso suave" para a inflação.
“O Brasil trouxe a inflação nesse período [para] 8,7 pontos percentuais para baixo com custo de 0,3 [de crescimento]. Se você comparar com o mundo emergente, a inflação caiu 1,9 p.p., mas com custo de crescimento muito maior [de 5,5 p.p.]. E a média dos avançados caiu em 4 p.p. com custo de crescimento em 2,5 p.p.”