Lula quer fechar acordo UE-Mercosul enquanto está à frente do bloco

Brasil preside o Mercosul até o fim do ano

Foto: Ricardo Stuckert
Lula discursa no Fórum de Negócios Portugal-Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na Cúpula do G20, em Nova Delhi, na Índia, que deseja fechar o  acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul enquanto o Brasil estiver na presidência do bloco sulamericano. 

O Brasil recebeu a presidência em julho e, pelos próximos 6 meses, o Brasil vai presidir o Mercosul, o chamado Mercado Comum do Sul. A liderança rotativa é uma regra desde a criação, em 1991. O comando se reveza entre os quatro países a cada semestre.

“Nos próximos meses a gente tem que chegar num acordo: Ou sim, ou não. Ou parar de discutir o acordo porque, depois de 23 anos [de negociações], ninguém acredita mais [na possibilidade de aprovação]”, disse o presidente.

“Eu estou com vontade de fazer o acordo enquanto eu sou o presidente do Mercosul”, disse ele. O Brasil ocupa a presidência rotativa do bloco comercial sul-americano até o fim deste ano.

Os blocos concordaram em fechar o acordo de livre comércio em 2019, depois de mais de 20 anos de negociações. No entanto, algumas exigências de ambos os lados travaram a negociação. 

Em março deste ano, a UE fez uma espécie de adendo ao texto com exigências ambientais que dificultaram que o acordo fosse selado. 

As novas demandas europeias incluem a aplicação de sanções e restrições ao comércio entre os blocos em caso de desmatamento e desrespeito ao meio ambiente.

Durante a cúpula do G20, Lula se reuniu com vários líderes europeus, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente da França, Emmanuel Macron.

Nos encontros, Lula pediu que o acordo fosse mais equilibrado entre as partes e cobrou maior clareza aos europeus

“Lula anunciou que o Mercosul está pronto para concluir o acordo o mais rápido possível e que espera uma postura clara dos europeus”, informou o Palácio do Planalto, em nota. “Para o presidente brasileiro, não faz mais sentido, após 22 anos de tratativas entre os negociadores, seguir numa perspectiva de protelar consensos. Para ele, é o momento de os líderes dos dois lados decidirem politicamente levar o acordo entre os blocos adiante”, diz o comunicado.

Para entrar em vigor, o acordo precisa ser ratificado por todos os países membros dos dois blocos, os quatro do Mercosul e os 27 da União Europeia. Mesmo assim, Lula disse acreditar que o acordo avançará. 

“Eu acho que é possível. Eu sempre digo que quando a gente quer encontrar uma solução para um acordo, a gente não manda emissário. A gente vai pessoalmente. A União Europeia tem seus negociadores comerciais. Mas quem negocia de verdade são os governos. Eu quero sentar pessoalmente com o Macron, com o [primeiro-ministro alemão Olaf] Scholz para decidir as coisas”, disse o presidente brasileiro.