O Banco Central informou nesta segunda-feira (28) que a taxa média total de juros cobrada pelos bancos no sistema de pagamento rotativo do cartão de crédito subiu de 437,0% para 445,7% ao ano. Para as transações parceladas, os juros passaram de 196,1% para 198,4% ao ano entre junho e julho. Considerando o juro total do cartão de crédito, incluindo operações de rotativo e parcelado, a taxa caiu de 104,2% para 102,7%.
Roberto Campos Neto, presidente do BC, criticou a taxa e indicou que poderia haver uma tarifa de desincentivo para o parcelado sem juros “longo”, que é do interesse dos bancos, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad , é contra acabar com o parcelamento sem cobrança de taxas.
Segundo o presidente, a ideia estudada pelo BC seria o parcelamento do saldo devedor, com juros de cerca de 9% ao mês, pouco acima da metade dos 15% atuais.
"A solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento ao redor de 9% [ao mês]", declarou Campos Neto em audiência no Senado.
A sugestão seria apresentada pelo BC nas próximas semanas, completou ele. As críticas de Campos Neto fazem coro às do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, em abril, já havia avaliado conversar com bancos para reduzir essa cobrança.
Em entrevista, Haddad não adiantou qual seria a proposta preferida do governo para resolver o alto endividamento na modalidade, mas disse que o consumidor não pode ser prejudicado por medidas como o fim do parcelamento sem juros.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) defendeu a ampliação do debate sobre o fim do crédito rotativo, como sugerido por Campos Neto. Segundo a entidade, é necessário uma "diluição de riscos" entre os elos da cadeia, já que a modalidade acumula alto nível de inadimplência por conta dos juros de quase 420% ao ano.