O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (26) que a carta de resposta do Mercosul ao documento adicional sobre meio ambiente proposto pela União Europeia já está pronta e que o bloco sul-americano não aceitará "ameaças".
Em coletiva de imprensa em Luanda, capital de Angola, o mandatário brasileiro também disse que, se depender de sua vontade, o acordo comercial Mercosul-UE será concluído ainda em 2023, mas insinuou uma intransigência da França nas negociações.
"Já mandamos a eles a resposta à carta que eles fizeram e estamos aguardando para saber como vai ser a próxima reunião", declarou Lula. A carta em questão é um documento adicional proposto por Bruxelas e que prevê sanções em caso de descumprimento de metas ambientais.
"Na carta da União Europeia, tem uma ameaça: 'Se não tiver acordo, vai ter punição'. Nós não aceitamos isso. Respondemos, mandamos a carta para o Uruguai, para o Paraguai e para a Argentina, e o Mauro [Vieira, ministro das Relações Exteriores] cuida disso... Já devemos ter enviado para a União Europeia", acrescentou o presidente.
"Eu quero fechar esse acordo neste ano. Estamos há 20 e poucos anos brigando por isso... Não é fácil negociar com os franceses, é muito difícil, porque eles querem que você abra mão de tudo e não querem abrir mão de nada. Eles valorizam muito o franguinho deles, o vinhozinho deles, mas o acordo é uma necessidade para o Brasil e para eles", disse.
Lula ainda destacou que o Brasil "é o país que tem mais importância" na questão climática por abrigar a Amazônia, maior floresta tropical do mundo, e por ter "um governo que quer evitar mais desmatamento". "Não é porque alguém quer, é porque nós precisamos", reforçou o presidente, afirmando que o país continuará tendo "uma relação excepcional com a União Europeia".