A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda aumentou a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 1,9%
para 2,5%, de acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (19). Já a perspectiva da inflação foi reduzida de 5,58% para 4,85%.
Segundo a secretaria, a revisão no crescimento do PIB foi motivada, sobretudo, por conta do resultado do PIB no primeiro trimestre deste ano. Superando as expectativas, o crescimento econômico foi de 1,9% no período , decorrente de crescimento recorde de 21,6% no setor da agropecuária. Além disso, o relatório cita a expectativa de queda nos juros até o final do ano, o que contribuiria para o crescimento do PIB.
Atualmente, os juros básicos estão em 13,75% ao ano. No início de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), se reúne, e a expectativa é de queda da Selic.
Em coletiva de imprensa de apresentação do relatório, o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello criticou as altas taxas de juros. "O gasto com juros neste ano deve chegar a R$ 680 bilhões, isso é maior que o orçamento do Ministério da Educação, Saúde, e do Desenvolvimento Social juntos. Praticamente todo o gasto social é inferior ao volume de pagamento de juros", afirmou.
"Não é crítica ao Banco Central, são constatações. Não há nenhuma razão técnica para a taxa de juros estar no patamar de hoje. Todas as variáveis apontam para a redução", completou.
Em seu relatório, a Fazenda afirma que as projeções de crescimento do PIB para este ano melhoraram em todos os setores. "Para o setor agropecuário, a projeção de crescimento no ano foi revisada de 11,0% para 13,2%. Para a Indústria, o crescimento esperado avançou de 0,5% para 0,8%, enquanto a projeção para Serviços passou de 1,3% para 1,7%", diz o documento.
Já a respeito do PIB de 2024, o governo manteve a mesma projeção do último relatório, de crescimento de 2,3%. "Frente a 2023, o cenário é de leve desaceleração, motivada pela baixa contribuição esperada para o setor externo e pelo menor crescimento projetado para o setor agropecuário. Apesar da desaceleração, o crescimento será mais homogêneo entre setores e baseado na recuperação da absorção doméstica", projeta a Fazenda.
Inflação menor
Já a respeito da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o relatório reduziu a estimativa deste ano de 5,58% para 4,85%. A meta para o período é de 3,25%, considerada cumprida dentro da margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.
Já para 2024, a Fazenda reduziu a projeção de 3,63% para 3,30%. No ano que vem, a meta a ser perseguida é de 3%.
Como motivos para reduzir as expectativas, o governo cita as "surpresas positivas" do IPCA de abril e maio. Em abril, o índice foi de 0,61%; em maio, de 0,23%, demonstrando desaceleração da inflação.
Além disso, o relatório cita "o reajuste autorizado para plano de saúde levemente inferior ao projetado, a redução nos preços da gasolina, diesel e gás de botijão nas refinarias, e revisões nas tarifas de energia elétrica residencial e ônibus urbano".
"Para 2024, a redução da projeção reflete a mudança no cenário de câmbio e de preço de commodities, além dos menores reajustes previstos para monitorados, em parte por causa da desinflação esperada para 2023, em parte por causa das condições projetadas para a demanda externa", diz o relatório.