O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (21) manter a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 13,75% ao ano. Este é o patamar em que os juros se encontram desde agosto do ano passado e, descontada a inflação, a taxa é a mais alta do mundo.
A manutenção da Selic a 13,75% ao ano já era esperada pelo mercado
, apesar das constantes pressões do governo federal e de empresários.
"Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", disse o Copom.
Cortes devem começar em agosto
O mercado estima que a queda nos juros deve ter início na próxima reunião do Copom, marcada para o início de agosto. Apesar do colegiado não ter deixado isso explícito no comunicado desta quarta-feira, alguns indicativos positivos da economia foram citados, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre acima do esperado e o recuo das expectativas de inflação pelo mercado.
Apesar disso, o Copom foi cauteloso e afirmou que "em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco".
"Era esperado que o Copom não fosse se comprometer com o próximo passo, não fosse deixar de uma forma clara e explícita que começará a cortar juros, mas deve haver o início de um ciclo gradual de corte da Selic em agosto", analisa Rodolfo Margato, economista da XP.
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De acordo com estimativas do Paraná Banco Investimentos, o corte dos juros em agosto deve ser de 0,25 ponto percentual, reduzindo a Selic para 13,5% ao ano. A comunidade de investidores TC estima que o ciclo de cortes deve ser mantido nas reuniões seguintes, pelo menos até o primeiro trimestre de 2024.
"A dinâmica da inflação nos próximos meses deverá dar o tom de cautela para o processo de corte dos juros, uma vez que essa dinâmica deve ser de queda nos próximos meses, onde o dado acumulado em 12 meses chega perto do centro da meta no começo do terceiro trimestre para então ganhar força e terminar o ano acima de 5% e apenas em 2024 voltar a apresentar arrefecimento e terminar o ano perto de 4%. Essa deve ser a tônica das críticas ao Banco Central, em especial para que o corte seja mais expressivo e em velocidade maior", analisa Marianna Costa, economista-chefe do TC.
Pressão do governo
Desde o início do ano, o governo federal, sobretudo na figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vem criticando bastante o Banco Central pela manutenção dos juros em patamar elevado.
Mesmo diante da decisão do Copom desta quarta-feira de, mais uma vez, não diminuir a taxa de juros, Rodolfo acredita que o clima de pressão não deve aumentar, justamente porque há perspectiva de corte de juros em breve. Isso pode acalmar os ânimos tanto do governo quanto do empresariado.