Campos Neto diz que críticas à autonomia do BC mostram desconhecimento

Integrantes do governo e até o presidente Lula já criticaram abertamente a autonomia da instituição, aprovada em 2021

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursando
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 05/04/2023
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, discursando

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda (22) que as críticas de integrantes do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à autonomia da instituição mostram "desconhecimento". 

"Algumas declarações vão no sentido de não entender a regra do jogo", declarou em evento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). 

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG

Ele lembrou que o BC elevou os juros em meio ao ano eleitoral para garantir a queda dos preços nos quatro anos do segundo mandato, independentemente de qual candidato saísse vencedor do pleito. 

Campos Neto afirmou que a legislação, aprovada em 2021, garante autonomia não só do presidente do BC em relação ao governo, mas dos demais diretores da instituição em relação ao próprio comandante da autoridade monetária.

O presidente do BC disse ainda que observa desaceleração "grande" na inflação, mas que o cenário ainda é incerto, mantendo as expectativas elevadas. 

"A gente vê uma desaceleração da inflação grande, o núcleo tem desacelerado, mas está em 7,3%, que é um número bastante alto, muito alto, muito acima da meta", disse Campos Neto.

"A gente tem esse problema das expectativas de inflação longas, que colaram ali no 4(%), e estão bastante persistentes", acrescentou ele, atribuindo esse cenário a incertezas sobre qual será o desenho do novo arcabouço fiscal. 

Ele rebateu também as críticas de que a instituição não consegue atingir as metas de inflação e atribuiu a desancoragem aos gastos do governo. 

"Nem sempre eles têm o mesmo ciclo... O tempo de efeito é diferente, por muitas vezes é importante a gente (Banco Central) comunicar e olhar muito mais à frente... O fiscal tem efeito muito mais imediato", argumentou.