O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda (22) que as críticas de integrantes do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à autonomia da instituição mostram "desconhecimento".
"Algumas declarações vão no sentido de não entender a regra do jogo", declarou em evento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
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Ele lembrou que o BC elevou os juros em meio ao ano eleitoral para garantir a queda dos preços nos quatro anos do segundo mandato, independentemente de qual candidato saísse vencedor do pleito.
Campos Neto afirmou que a legislação, aprovada em 2021, garante autonomia não só do presidente do BC em relação ao governo, mas dos demais diretores da instituição em relação ao próprio comandante da autoridade monetária.
O presidente do BC disse ainda que observa desaceleração "grande" na inflação, mas que o cenário ainda é incerto, mantendo as expectativas elevadas.
"A gente vê uma desaceleração da inflação grande, o núcleo tem desacelerado, mas está em 7,3%, que é um número bastante alto, muito alto, muito acima da meta", disse Campos Neto.
"A gente tem esse problema das expectativas de inflação longas, que colaram ali no 4(%), e estão bastante persistentes", acrescentou ele, atribuindo esse cenário a incertezas sobre qual será o desenho do novo arcabouço fiscal.
Ele rebateu também as críticas de que a instituição não consegue atingir as metas de inflação e atribuiu a desancoragem aos gastos do governo.
"Nem sempre eles têm o mesmo ciclo... O tempo de efeito é diferente, por muitas vezes é importante a gente (Banco Central) comunicar e olhar muito mais à frente... O fiscal tem efeito muito mais imediato", argumentou.