Em evento do Banco Central, Haddad volta a defender corte nos juros

Ministro falou que Brasil tem que crescer acima da média mundial e negou que governo pressione BC

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em audiência no Senado no mês passado
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil - 27/04/2023
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em audiência no Senado no mês passado

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta sexta-feira (19) a parceira entre governo e Banco Central (BC), mas voltou a afirmar que a taxa de juros da economia brasileira, atualmente em 13,75% ao ano, já deveria ter começado o ciclo de queda. A fala foi feita em evento organizado pelo BC, que contou com a presença do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e de representantes de bancos centrais de outros países.

Em seu discurso, Haddad disse que "discutir política monetária não é afrontar a autoridade monetária", e que tanto governo quanto BC perseguem o mesmo objetivo.

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O ministro, porém, usou uma metáfora comparando a taxa de juros para combater a inflação com um antibiótico para combater uma infecção. Haddad disse que, embora seja necessário tomar a cartela toda de antibiótico para combater a doença, pode ser perigoso tomar duas cartelas, dando a entender que o ciclo longo de juros altos pode afetar negativamente a economia brasileira.

Em entrevista a jornalistas após seu discurso, Haddad disse que a ala econômica do governo entende que já "há espaço" para o início do ciclo de redução da taxa Selic. Ele disse, porém, que discutir o tema não significa que o governo está pressionando o BC.

"A discussão sobre política monetária e fiscal são dois braços do mesmo organismo, têm de trabalhar em harmonia e não há uma mão mais importante do que a outra", disse Haddad, durante seu discurso.

"Precisamos harmonizar as políticas fiscal e monetária para que tenhamos crescimento. O Brasil tem a obrigação de perseguir crescimento acima da média mundial", afirmou o ministro.