Pacheco prega diálogo e descarta rever autonomia do Banco Central

Para o presidente do Senado, pedido de Lula para suspender autonomia do BC deve ser ultrapassado

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em discurso na tribuna do Senado
Foto: Roque de Sá/Agência Senado - 01/02/23
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em discurso na tribuna do Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta terça-feira (14) que qualquer mudança na  autonomia do Banco Central (BC) está descartada, e que pleitos do Partido dos Trabalhadores (PT) nesse sentido "devem ser ultrapassados". 

Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tornou pública sua insatisfação com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto , por conta da taxa básica de juros, a Selic, que está em 13,75% ao ano, fazendo do Brasil o país com maior juro real do mundo.

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"Tenho certeza que o presidente Lula compreenderá que essa (a autonomia do Banco Central) é uma realidade com a qual ele e o governo terão que conviver e, nessa convivência, buscar a solução que seja inteligente, que é definir as causas desses juros de 13,75% que inviabilizam o crescimento nacional, e buscar atacar as causas com as pessoas que existem (no BC)", disse Pacheco durante evento organizado pelo banco BTG Pactual.

Pacheco reforçou que ainda não houve pedido oficial para rever a autonomia do BC, e que pedidos para exonerar Campos Neto também não seriam atendidos. 

A lei que define a autonomia do Banco Central dá ao Senado o poder de destituir o presidente do BC em caso de descumprimento de alguma meta.

"Nunca houve nenhum tipo de formalização nesse sentido. O que eu percebi nas falas do presidente Lula é que há uma manifestação da percepção dele (...). Eu considero absolutamente normal que se possa dizer aquilo que se pensa, mas nesse caso da autonomia do Banco Central, isso já foi concretizado no Congresso Nacional. Não vejo, na composição atual do Congresso, qualquer perspectiva de retrocesso em relação à (...) lei que estabeleceu essa autonomia", declarou Pacheco.

Pacheco disse ainda que não vê atuação política do BC e pregou diálogo entre Campos Neto e Lula.

O presidente do Senado concordou com a declaração de Campos Neto, que uma eventual mudança nas metas de inflação deste ano "poderia ser ruim como sinalização" e impedir uma redução dos juros, efeito contrário ao desejado.

O senador afirmou ainda que Lula e Campos Neto são "duas pessoas de boa intenção" e que devem conversar.

"Considero muito simples a resolução disso: é o diálogo, a capacidade de ceder, de entender que nós não temos total razão sobre tudo", disse.

Por fim, Pacheco elogiou os acenos de Campos Neto ao governo durante a entrevista para o Roda Viva, da TV Cultura. Segundo o presidente do Senado, as declarações "merecem aplausos".

O presidente do Senado ressaltou também que a reforma tributária e a apresentação de um novo marco fiscal vão favorecer a redução dos juros elevados.