O presidente do Banco Central (BC) , Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (13) que não vê problemas em depor ao Congresso Nacional para justificar a política de juros. Ontem, o PT anunciou que quer convocá-lo , em mais uma tentativa de pressionar o BC a reduzir a taxa Selic, que está em 13,75% desde o fim do ano passado.
Perguntado no programa "Roda Viva", da TV Cultura, Campos Neto afirmou que irá "sem problemas". "É meu trabalho, vou quantas vezes precisar", disse.
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Segundo ele, faz bem à sociedade discutir um assunto como a taxa de juros, mas admitiu que o BC precisa comunicar melhor sobre a Selic.
"Esse debate dos juros é importante. Eu vou explicar quantas vezes for necessário. Os juros são altos, e essa é uma questão legítima para a sociedade."
Campos Neto disse ainda que muita gente faz "uma certa confusão entre Selic e juros" e ressaltou que apenas 24% do crédito no país está ligada à taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central.
"Se fizer uma queda na Selic sem credibilidade, você tem o efeito contrário. A curva (de juros futuros no mercado) sobe e o crédito vai ficar mais caro."
Ele alegou não ser o problema, e que "um Banco Central sem credibilidade não ajuda o governo".
"Acho que é hora de esquecer essas coisas pequenas e pensar no que o Brasil precisa para crescer. É nesse debate que eu quero contribuir", disse, acrescentando: "Acho que a minha figura é irrelevante. Se eu saísse hoje do BC, as decisões não mudariam muito. A instituição do BC autônomo é um ganho para a sociedade no longo prazo"
PT x Campos Neto
No centro do embate está a taxa de juros. Para Lula e integrantes do PT "não há justificativa" para a manutenção da Selic em 13,75%. Na visão dos críticos, Campos Neto seria aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e estaria trabalhando contra o governo.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, por exemplo, endossou críticas à atuação da autoridade monetária e disse que o BC age como "a última trincheira do bolsonarismo no poder".
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no entanto, afirmou nesta quarta-feira (8) que não existe discussão interna no governo federal para mudar a autonomia do Banco Central. Mas Lula sugeriu que está a cargo do Senado a destituição, ou não, do presidente Campos Neto.