Americanas pede recuperação judicial nos Estados Unidos

Empresa deve mais de R$ 300 milhões para empresas norte-americanas e tenta evitar bloqueio para pagar credores

Americanas pediu recuperação judicial após rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia - 19/01/23
Americanas pediu recuperação judicial após rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros

Americanas pediu à Justiça dos Estados Unidos a recuperação judicial da empresa. O procedimento, conhecido como Chapter 15, é uma extensão do processo que já foi aprovada no Brasil na última semana.

A empresa tenta evitar a falência após a descoberta de inconsistências de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros. Em comunicado, a empresa informou ter R$ 43 bilhões em dívidas e pouco mais de R$ 1 bilhão em caixa.

Se aprovado, a Americanas terá as cobranças de dívidas suspensas por 180 dias. Entre os credores, está o banco Deutsche Bank, que deveria receber R$ 5,2 bilhões da varejista.

A empresa ainda tem dívidas de R$ 94 milhões com o Google e R$ 98 milhões com a Apple. Já o Facebook deveria receber R$ 11 milhões da rede.

Com o processo, os credores não podem pedir o pagamento dos débitos para dar espaço para a recuperação da empresa.

Crise na Americanas

No último dia 11 de janeiro, a Americanas informou a descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões após inconsistências em lançamentos contábeis em exercício anteriores. O caso foi divulgado pela própria empresa em Fato Relevante aos investidores.

A notícia provocou a renúncia do CEO da empresa, Sérgio Rial, dez dias após assumir o cargo. O diretor de Relações com Investidores, André Covre, também foi desligado da Americanas após ser empossado no dia 2 de janeiro.

Rial deverá colaborar de forma independente com o corpo acionário da empresa e continuará como presidente do Conselho de Administração do Santander.

Em conferência com empresas de investimento, Rial explicou que o rombo estava lançado na linha de fornecedores e não na dívida ativa da empresa. Se ajustar para a linha de endividamento, a situação financeira da Americanas poderá degringolar consideravelmente, apontam analistas.

Ao mercado, Rial previu que os erros na contabilidade são frequentes há pelo menos sete anos. Ele não justificou o motivo das inconsistências, mas o mercado acredita que a empresa não deu conta do crescimento de vendas, principalmente no e-commerce.

A Americanas ressaltou que abrirá uma investigação para averiguar o motivo das inconsistências contábeis e os responsáveis. Um conselho interno deverá tomar as rédeas do caso. Ainda não há prazo para a conclusão das investigações.

A empresa foi fundada em 1929 por empresários austríacos e americanos. A primeira loja se instalou e Niterói, no Rio de Janeiro, e logo no primeiro ano a varejista abriu outras duas lojas no Rio e uma em São Paulo.

Ela foi vendida para os empresários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles em 1982. Os três informaram que vão colaborar para evitar a falência da rede varejista. Em 2021, o valor de mercado da empresa estava estimado em R$ 55,2 bilhões.