A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três inquéritos para investigar o rombo de R$ 20 bilhões na Americanas. A dívida foi anunciada na noite de quarta-feira (11) e provocou a renúncia do presidente da empresa, Sérgio Rial.
Um dos processos irá apurar os fatos relevantes divulgados pela empresa com os balanços financeiros dos últimos trimestres. O segundo vai analisar as informações contábeis da empresa.
O último processo, aberto nessa quinta-feira (12) à noite, vai investigar as condutas dos diretores e sócios da empresa relacionadas ao rombo. Há suspeitas de que acionistas previram o déficit e venderam ações da varejista meses antes do anúncio, o que derreteu os papéis da empresa.
Em nota, a CVM afirmou que as investigações seguirão o critério de rigor e não descartou o auxílio da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) nas apurações. Todos os processos correm em sigilo.
"Após a investigação e apuração dos atos, fatos e eventos, caso venham a ser formalmente caracterizados ilícitos e/ou infrações, cada um dos responsáveis poderá ser devidamente responsabilizado com o rigor da lei e na extensão que lhe for aplicável, sendo facultado à CVM recorrer também aos convênios e acordos de cooperação com Polícia Federal e Ministério Público Federal", disse a autarquia.
Entenda o caso
A Americanas informou na quarta-feira (11) a descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões após inconsistências em lançamentos contábeis em exercício anteriores. O caso foi divulgado pela própria empresa em Fato Relevante aos investidores.
A notícia provocou a renúncia do CEO da empresa, Sério Rial, dez dias após assumir o cargo. O diretor de Relações com Investidores, André Covre, também foi desligado da Americanas após ser empossado no último dia 2 de janeiro.
Ambos os cargos serão ocupados interinamente por João Guerra. Rial deverá colaborar de forma independente com o corpo acionário da empresa e continuará como presidente do Conselho de Administração do Santander.
Em conferência com empresas de investimento, Rial explicou que o rombo estava lançado na linha de fornecedores e não na dívida ativa da empresa. Se ajustar para a linha de endividamento, a situação financeira da Americanas poderá degringolar consideravelmente, apontam analistas.
Ao mercado, Rial previu que os erros na contabilidade são frequentes há pelo menos quatro anos. Ele não justificou o motivo das inconsistências, mas o mercado acredita que a empresa não deu conta do crescimento de vendas, principalmente no e-commerce.
A Americanas ressaltou que abrirá uma investigação para averiguar o motivo das inconsistências contábeis e os responsáveis. Um conselho interno deverá tomar as rédeas do caso. Ainda não há prazo para a conclusão das investigações.