Mercado apresenta volatilidade após vitória de Lula nas eleições

Bolsa de Valores começou operando em forte queda, voltou a subir e opera estável no momento; Dólar afunda mais 1%

Mercado opera com estabilidade e dólar cai mais de 2% nesta segunda
Foto: Lorena Amaro
Mercado opera com estabilidade e dólar cai mais de 2% nesta segunda

O mercado financeiro tem reagido de forma estável a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para governar o país pelos próximos quatro anos. A Bolsa de Valores de São Paulo opera nesta segunda-feira (31) em alta de 0,70%, com 115.339 pontos até às 15h57.

Já o Dólar afunda 2,60%, cotado a R$ 5,16. Essa é o menor valor da moeda norte-americana desde 23 de outubro.

Mas a situação foi diferente na madrugada e começo da manhã. Ao receber a notícia sobre a vitória de Lula, analistas do mercado ficaram exaltados e esperavam uma forte queda nas bolsas do mundo todo. A profecia se confirmou nas bolsas asiáticas e europeias, com os papéis brasileiros apresentado queda de até 5%.

Ao abrir o pregão na manhã desta segunda, a B3 viu sua pontuação despencar para 112 mil pontos, uma queda de quase 2%. As incertezas, porém, duraram 20 minutos, quando o índice Ibovespa se recuperou e passou a operar no verde.

Analistas do mercado acreditam que a volatilidade não se deve ao momento político. Segundo eles, o Ibovespa passa por instabilidade desde a semana passada e seria muito difícil apresentar uma forte queda nesta segunda.

"Temos algumas coisas que devem acontecer no decorrer da semana que darão o tom do mercado. É natural a volatilidade, é uma coisa pragmática e não política", afirma Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos.

"Seria muito estranho o mercado cair muito forte nesta segunda-feira. Ações de estatais, tudo bem, mas o mercado previu o resultado e a possibilidade de vitória do Lula. Vivemos algumas semanas de volatilidade, de incertezas e isso por isso esse sobe e desce da bolsa", completa Rafael Marques, CEO da Philos Invest.

Nos últimos meses, o mercado financeiro demonstrou preocupação com as medidas econômicas que poderiam ser tomadas no governo Lula, mas arrefeceu a temperatura após o nome de Geraldo Alckmin para a vice-presidência e a possibilidade de um nome mais ao centro no Ministério da Economia. O favorito é  o ex-ministro da Fazenda no governo Michel Temer, Henrique Meirelles.

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Lula, no entanto, tenta segurar o nome do possível ministro — Armínio Fraga corre por fora — e prometeu o anúncio para as próximas semanas. Analistas preveem que a demora pode prejudicar as negociações econômicas e provocar novas quedas na bolsa de valores e alta do Dólar.

"O medo é muito mais no sentido de não sabermos quem é o ministro e qual será a política econômica. Estamos caminhando para tirar os riscos do processo", afirma Costa.

Futuro do Brasil

Analistas do mercado acreditam que o país pode se sair bem em um mandato de Lula. O mercado ainda prevê quedas na taxa de juros e segurança econômica.

"Estamos há alguns meses do início de um ciclo de queda de juros que se manteve em patamares muito restritivos ao longo do ano. Com a queda dos índices de inflação no Brasil e agora com uma ajuda do cenário recessivo global, podemos ver uma trajetória de queda de juros, o que ajuda os ativos locais. Para investimentos, a queda de juros projetada para metade de 2023 pode impulsionar fluxo em setores sensíveis ao crédito e mais voltados à economia interna, como construção, educacional por conta de programas de financiamento, shoppings e varejo pelo novo ciclo menor de juros a partir do ano que vem", afirma Beto Saadia, sócio da BRA.

O especialista ressalta que o Congresso mais conservador, a manutenção do teto de gastos e a independência do Banco Central são fatores preponderantes para o aumento da confiança do mercado no governo.

"Não é somente o congresso. A Lei das Estatais, o teto de gastos e a independência do Banco Central jogam a favor desse humor. O presidente governa um país institucionalmente mais moderno e com governança. O risco país refletido nos juros de longo prazo ainda seguem altos que podem ceder com maior pragmatismo político. Na virada do período eleitoral o discurso inflamado de mais gastos e desonerações deve dar lugar a alguma governança fiscal e discurso mais moderado".