Segundo a pesquisa Datafolha, 18% dos beneficiários do Auxílio Brasil declaram já ter feito o empréstimo do crédito consignado. Outros 19% não fizeram a solicitação, porém estão interessados na linha de crédito do benefício. Foram ouvidas 4.580 pessoas em 252 municípios.
A pesquisa também mostrou que 58% não estão interessados e não fizeram a contratação da modalidade. Outros 5% não opinaram sobre. Em agosto, o instituto concluiu que 67% não pretendiam contratar o consignado, e 27% queriam pegar o empréstimo.
Dentre os entrevistados, 26% recebem ou moram com alguém inscrito no Auxílio Brasil. Os dados levantados também apontam que, das pessoas que não recebem o benefício, 15% estão no CadÚnico do governo federal, contra 18% cadastradas em setembro deste ano.
A linha de crédito pode chegar a custar em juros 87% a mais do que outras modalidades para aqueles com desconto na renda de assalariados dos setores público e privado, aposentados e pensionistas do INSS.
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Perfil dos beneficiários
Foi levantado pelo Datafolha, também, o perfil dos beneficiários do Auxílio Brasil participantes da linha de crédito. Segundo o instituto, são 20% das mulheres participantes do programa contra 15% dos homens que optaram pela modalidade.
Pela amostra, também foi constatado que 23% de pessoas negras ou pardas participantes do benefício solicitaram o consignado, já entre pessoas brancas foram 13%.
As intenções de voto também foram levadas em consideração para o resultado da pesquisa. Segundo o Datafolha, foram 18% de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que entraram na linha de crédito contra 19% dos eleitores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Oferta do crédito
O programa de crédito do benefício passou por dificuldades em sua implementação. O consignado do Auxílio Brasil tomou forma em outubro deste ano, poucos dias antes das eleições de segundo turno no país. O TCU, recentemente, sugeriu a suspensão da oferta pela Caixa Econômica Federal, uma das doze instituições que optaram pela modalidade.
Foram liberados R$ 1,8 bilhão em crédito para 700 mil beneficiários do auxílio e do BPC (Benefício de Prestação Continuada) pela Caixa. Após a decisão do TCU, o banco suspendeu o consignado e voltou a receber os pedidos do empréstimo na segunda-feira (24)
A bancada do Psol da Câmara de deputados entrou com um pedido de investigação sobre a distribuição de informações dos beneficiários do Auxílio Brasil para correspondentes bancários, que poderiam ofertar a linha de crédito para os clientes.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) registrou casos de assédio de instituições financeiras, e também denunciou a prática de venda casada do crédito.
Segundo os parlamentares, as informações compartilhadas ferem a Lei Geral de Proteção de Dados, que garante sigilo em informações pessoais como status em bancos e quanto o beneficiário recebe por mês.
Foram divulgados informações de 3,7 milhões de pessoas, cerca de 20% do total de beneficiários do programa.