O número de inadimplentes bateu novo recorde no Brasil e alcançou 64,25 milhões de pessoas em setembro, o equivalente a 39,71% dos adultos, de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Este é o maior número desde o início da série história, realizada há oito anos.
Em setembro, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 11,17% em relação ao mesmo período do ano passado. Entre agosto e setembro deste ano, cresceu em 0,93% o número de inadimplentes.
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"Apesar da melhora em alguns indicadores econômicos, muitos brasileiros ainda estão com dificuldade de fechar as contas no fim do mês. Parte do problema pode ser explicado pela renda da população que continua baixa. O desemprego diminuiu, mas a renda não é suficiente para reverter completamente as perdas dos últimos trimestres. Apesar da inflação caindo, o preço dos alimentos continua subindo e ocupando boa parte do orçamento das famílias, especialmente aquelas com renda mais baixa", analisa José César da Costa, presidente da CNDL.
Perspectiva de melhora
Em setembro, o valor médio das dívidas foi de R$ 3.688,96. A maior parcela dos inadimplentes (34,14%) deviam até R$ 500; 14,73% tinham dívidas entre R$ 500,01 e R$ 1.000; 20,48%, entre R$ 1.000,01 e R$ 2.500; 18,42%, entre R$ 2.500,01 e R$ 7.500; e 12,23% tinham dívidas maiores que R$ 7.500.
De acordo com levantamento de reincidência do SPC Brasil, leva em média 10 meses para que o consumidor consiga sair da inadimplência. "Por isso, é tão importante o consumidor inadimplente fazer um levantamento de todas as dívidas que possui e traçar um plano para sair da situação", orienta Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil. "Concentrar todas as dívidas em um único lugar ajuda a ter mais controle, entender melhor o tamanho da dívida e fazer um planejamento".
Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, estima que os próximos meses podem trazer um alívio para os endividados, mas que é necessário tomar alguns cuidados.
"A injeção de recursos na economia com o 13ª, contratação de mão de obra temporária para o fim de ano e a bandeira verde no preço da energia em dezembro podem ajudar a amenizar o cenário de inadimplência. Mas é importante o consumidor priorizar o pagamento das dívidas e não cair nas tentações das compras de final de ano", alerta.