Pingado mais caro: leite sobe 63% e café 45% em 12 meses

Segundo Dieese, pão francês subiu 17,88% e completa o café da manhã mais "salgado"

Nem o pingado e o pão na chapa escapam da inflação do café da manhã
Foto: TripAdvisor/IgorLPS
Nem o pingado e o pão na chapa escapam da inflação do café da manhã

O aumento de preços não tem dado refresco na mesa dos cariocas. Nem o leite integral e o pão francês, destaques do café da manhã, escapam da inflação nossa de cada dia. É o que mostra levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 12 meses acumulados até agosto, o leite integral subiu 63,54%; o pão francês, 17,88%; o café em pó, 45,08%; a farinha de trigo, 34,50%; a manteiga, 17,84%; e o açúcar refinado, 12,12%.

Já no acumulado nos primeiros oito meses de 2022, o leite integral (67,78%), a farinha de trigo (29,96%), a manteiga (20,26%), o pão francês (14,76%) e o café em pó (4,47%) também registraram altas, segundo o levantamento do Dieese. Economistas consultados pelo EXTRA, no entanto, avaliam que os preços devem cair nos próximos meses.

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Para André Braz, economista responsável pelo Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação Getulio Vargas (FGV), a queda de preços vai acontecer, mas será aos poucos.

"Commodities como milho, soja e trigo, que são matérias-primas para parte desses produtos da cesta básica, começaram a apresentar desaceleração nos preços", diz Braz.

Ela avalia que não há uma outra onda de reajuste e aponta que os preços ainda não caíram mais por conta de estoques que foram constituídos a preços mais altos.

"A queda nos preços é um processo lento, mas acredito que vai acontecer", finaliza.

Já o economista Gilberto Braga, chama atenção para a sazonalidade e avalia que não há um movimento específico que justifique a alta, como taxa de câmbio, por exemplo.

"A variação está dentro de um comportamento de sazonalidade, é um ajuste. Ou seja, não tivemos nenhum grande problema climático ou logístico que gerasse grandes interferências nos preços", avalia.

Moradora de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, Raquel Campos, de 40 anos, já observou o aumento na padaria, principalmente nos laticínios, que sofrem o impacto da alta do leite:

"O pão também está mais caro, mas o queijo e a manteiga são os piores. O leite deixo para comprar no mercado porque está mais em conta. Mas é aquilo: o que não ficou mais caro nos últimos meses?"

Cesta básica

A pesquisa mostra ainda que o custo da cesta básica do município do Rio de Janeiro, embora tenha apresentado queda de 0,82% em relação a julho, passando de R$ 723,15 para R$ 717,82, é a quarta mais cara do país. Em comparação com agosto de 2021, quando valia R$ 634,18, a cesta acumula elevação de 13,19%.

Entre os 13 produtos que compõem a cesta básica, cinco tiveram aumento nos preços médios na comparação com julho de 2022, além do pão francês: banana (3,74%), farinha de trigo (1,76%), açúcar refinado (0,23%), arroz agulhinha (0,18%) e carne bovina de primeira (0,05%).

Os demais sete produtos pesquisados na cesta apresentaram queda nos preços médios: batata (-11,40%), óleo de soja (-8,51%), tomate (-4,89%), feijão preto (-3,26%), manteiga (-2,31%), café em pó (-2,05%) e leite integral (-0,34%).

Comprometimento da renda

Considerando o salário mínimo líquido (após o desconto de 7,5% da Previdência Social), este mesmo trabalhador precisou comprometer 64,03% de sua remuneração em agosto de 2022 para adquirir os produtos de uma cesta básica suficiente para alimentar uma pessoa durante um mês. Em julho de 2022, havia comprometido 64,56% dessa remuneração, e em agosto de 2021, 62,33%.

O morador do Rio de Janeiro que recebe um salário mínimo, hoje de R$ 1.212, precisou trabalhar durante 130 horas e 18 minutos para adquirir a cesta básica em agosto de 2022. Em julho de 2022, o tempo de trabalho necessário chegou a 131 horas 22 minutos e, em agosto de 2021, a 126 de horas e 50 minutos.

Levantamento no país

Em todo o país, o custo da cesta básica de alimentos apresentou uma leve queda em agosto em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. Entre julho e agosto, as reduções mais expressivas ocorreram em Recife (-3%), Fortaleza (-2,26%), Belo Horizonte (-2,13%) e Brasília (-2,08%).

No Rio de Janeiro recuou apenas 0,81%. Mas, se for levado em conta o período de 12 meses terminado em agosto deste ano, o levantamento mostra que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 12,55%, em Porto Alegre, e 21,71%, em Recife. No Rio de Janeiro a cesta em agosto do ano passado custava R$ 634,18 e agora sai a R$ 717,82, uma alta de 13,18% ante igual período do ano anterior.

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 749,78), seguida por Porto Alegre (R$ 748,06), Florianópolis (R$ 746,21) e Rio de Janeiro (R$ 717,82). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 539,57), João Pessoa (R$ 568,21) e Salvador (R$ 576,93).