Entidades pedem veto a crédito consignado do Auxílio Brasil
Órgão de defesa do consumidor enviaram manifestação técnica ao presidente Jair Bolsonaro contra MP aprovada pelo Senado
Entidades de defesa do consumidor enviaram uma manifestação técnica ao presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo veto à Medida Provisória que aumenta a margem de crédito consignado para empregados celetistas, servidores públicos ativos e inativos e segurados do Regime Geral de Previdência Social e libera a contratação desse tipo de empréstimo para quem recebe Auxílio Brasil, BPC (Benefício de Prestação Continuada) e Renda Mensal Vitalícia.
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Em nota, o Instituto Defesa Coletiva diz que a MP "constitui um verdadeiro desserviço para os consumidores brasileiros, pois seus termos inevitavelmente aumentarão o superendividamento da população brasileira, agravando, ainda mais, a crise socioeconômica que assola o país".
O texto amplia de 35% para 40% a margem de crédito consignado para empregados celetistas, servidores públicos ativos e inativos, pensionistas, militares e empregados públicos. Para aposentados e pensionistas do Regime Geral de Previdência Social, a margem sobe de 40% para 45%. Beneficiários do Auxílio Brasil, BPC e Renda Mensal Vitalícia poderão comprometer até 40% de seus benefícios.
Em todos os casos, 5% é reservado exclusivamente para operações com cartões de crédito consignado.
Empréstimo consignado é uma modalidade de empréstimo em que as parcelas são descontadas diretamente da folha de salário. Cartões de crédito consignado funcionam como cartões de crédito normais, mas a fatura também é descontada direto do pagamento.
A Medida Provisória já foi aprovada pelo Senado e agora aguarda sanção presidencial.
Segundo as entidades de proteção ao consumidor, a MP deve atingir mais de 52 milhões de pessoas, incluindo os cerca de 30,5 milhões de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), os 4,8 milhões de beneficiários do BPC e os 17,5 milhões beneficiários do Programa Auxílio Brasil.
"Percebe-se que o público-alvo da norma é composto, especialmente, por pessoas hipervulneráveis, que necessitam de maiores cuidados da sociedade e de políticas públicas mais cautelosas do governo", afirma o Instituto Defesa Coletiva.
"Esta preocupação torna-se ainda mais latente, considerando a baixa instrução do público-alvo dos benefícios de transferência de renda, o que pode acarretar uma avalanche de empréstimos não consentidos, ocasionando o efeito inverso para a economia: o agravamento do superendividamento dos brasileiros", continua.
No documento enviado a Bolsonaro, o órgão e outras entidades dizem que a MP está sendo pensada sem a devida preocupação com o assédio das instituições financeiras, bem como a devida orientação aos consumidores sobre os riscos do superendividamento e sobre a necessidade de contração responsável de crédito.
Além do Instituto Defesa Coletiva, a manifestação técnica é assinada por:
- Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais (CONDEGE);
- PROCONSBRASIL;
- Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (BRASILCON);
- Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON);
- Fórum das Entidades Civis de Defesa do Consumidor (FNECDC);
- Associação Gaúcha de Procons Municipais (AGPM);
- Fórum dos Procons Mineiros (FPM);
- Associação Paulista de Procons (APP).