Pai do Fome Zero vê Auxílio Brasil como 'remédio certo na hora errada'
José Graziano chamou benefício de Frankenstein avalia desespero do Planalto para promover programa
Criador do Fome Zero, José Graziano da Silva tem uma definição para o aumento de R$ 200 do Auxílio Brasil, previsto na Proposta de Emenda Constitucional (PEC): é o remédio certo, mas não na dose certa e no momento oportuno. Ele chamou o programa de Frankenstein.
"É um programa relativamente complicado, feito no improviso da última hora. Os especialistas têm usado a palavra um Frankenstein, porque junta coisas muito diferentes", afirmou.
Ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e ex-diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Graziano destacou que o abono emergencial de R$ 600,00 concedido em 2020, para mitigar os efeitos da pandemia, correspondia a cerca de R$ 720,00 em valores de hoje. A inflação corroeu o poder de compra.
"O número de pessoas também diminuiu muito. O Auxílio Emergencial atendia a 65 milhões de pessoas e o Auxílio Brasil, quando muito, 20 milhões de pessoas", disse.
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Segundo Graziano, o impacto e a dimensão da injeção de recursos em 2020 foi pelo menos três a quatro vezes maior e teve um efeito de redução da miséria. Nesse novo programa, haverá um impacto bem menor.
Para Graziano, embora o impacto seja bem menor do que o programa anterior, o efeito midiático pode ser conveniente para o governo. Isto porque o valor nominal, de R$ 600, é um apelo à lembrança do que foi feito no passado.
"E é feito de uma forma extraordinária, com muito empenho do presidente Bolsonaro, em plena campanha eleitoral. Isso deverá resultar, sim, em um maior apoio entre essas pessoas que recebem", ressaltou.