Líder de caminhoneiros na Câmara sobre auxílio: 'Nem R$ 5 mil resolve'
Deputado ressalta a necessidade de pôr fim à política de preços da Petrobras e criticou as medidas eleitoreiras de Bolsonaro
Em meio às negociações no Congresso Nacional para fornecer um auxílio-diesel para os caminhoneiros, o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Caminhoneiros, deputado Nereu Crispim (PSD-RS), criticou a ideia de propor um valor maior para a categoria e reduzir a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL). Após a sugestão de parcelas em R$ 400, o Palácio do Planalto absorveu as críticas e aumentou o benefício para R$ 1 mil.
Segundo Crispim, a medida é apenas uma manobra eleitoreira do governo e ressaltou a falta de assistência dada pelo governo aos caminhoneiros. Para o parlamentar, qualquer valor sugerido pelo Planalto não surtirá efeito.
"Nem 5 mil reais resolve! O que resolve e o presidente Jair Bolsonaro cumprir a promessa de campanha de 2018 suspender a resolução 05/2017 que criou a PPI", declarou
"Caminhoneiro não quer assistencialismo para ficar refém de político que a qualquer momento pode fazer chantagem eleitoral. Quer política sustentável para administrar seu negócio sem interferência estatal", completou.
A ideia da ala política aliada à Bolsonaro era estabelecer o benefício dentro da PEC dos Combustíveis, em tramitação no Senado. Os moldes do texto, no entanto, ainda não foram divulgados.
O Planalto quer zerar impostos federais sobre os combustíveis e compensar estados que anularem a alíquota de ICMS sobre o diesel e gás de cozinha até dezembro deste ano. Os governistas ainda tentam emplacar outras medidas no texto, como o auxílio-diesel e o vale-gás.
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A proposta, entretanto, esbarra em dois pontos: orçamento e eleições. O ministro da Economia Paulo Guedes estipulou um gasto máximo de R$ 5 bilhões com as medidas e a ala política tenta alertar para uma possível investigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se o texto andar no Congresso. O governo estuda uma manobra para decretar estado de calamidade e evitar possíveis sanções do TSE na campanha de Bolsonaro.
"Há inclusive algumas vedações para criar essas mágicas assistencialistas devido a ser ano eleitoral. Vamos aguardar presepada que irão inventar", completou Crispim.
O deputado ainda criticou o não cumprimento de promessas eleitorais de Bolsonaro na campanha de 2018. Além de extinguir a PPI, o presidente havia prometido dar mais atenção à categoria. Na visão de Crispim, isso não aconteceu.
“O ministro Tarcísio [Freitas], auxiliar das mentiras de campanha que se dizia interlocutor do governo junto aos caminhoneiros, empurrou e empurrou e saiu do governo sem entregar nenhuma solução das pautas reivindicadas na paralisação de maio 2018”.
"Estão, como se diz no dito popular, como baratas tontas tentando a quase quatro anos tentando efetuar alguma entrega para os caminhoneiros e não fizeram nada vezes nada", afirmou o parlamentar.
** João Vitor Revedilho é jornalista, com especialidade em política e economia. Trabalhou na TV Clube, afiliada da Rede Bandeirantes em Ribeirão Preto (SP), e na CBN Ribeirão. Se formou em cursos ligado à Rádio e TV, Políticas Públicas e Jornalismo Investigativo.