Bolsa foi o melhor investimento de maio, com alta de 3,22%
Fundo de ações Índice Ativo fecha mês com retorno de 2,78%. Poupança rende apenas 0,67%, e Bitcoin desaba 21,84%
As aplicações na Bolsa de Valores tiveram o melhor retorno financeiro de maio, mesmo com a Taxa Selic em 12,75% e a inflação em alta — o IPCA-15, prévia do índice cheio, foi de 0,59% no mês e de 4,93% no acumulado do ano. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, teve retorno de 3,22% até 31 de maio, segundo a consultoria Economatica.
André Meirelles, Diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, diz que os ativos brasileiros foram impactados positivamente, em grande parte, pelo cenário internacional mais favorável:
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"Tivemos a melhora nas condições sanitárias da China, que indicou reabertura parcial das principais metrópoles do país, além de anunciar mais uma rodada de estímulos para economia. Os comunicados dos Estados Unidos em relação à política monetária foram dentro do que era esperado pelo mercado e reduziram os temores sobre recessão, o que ajudou a reduzir a aversão a risco."
Ainda segundo a Economatica, o Índice de Fundos Multimercados teve rendimento de 1,05%. Na renda fixa, o CDI mostrou retorno de 0,99% até o dia 30. A caderneta de poupança, opção dos mais conservadores, rendeu apenas 0,67%, pouco acima do IPCA-15. E os títulos do Tesouro atrelados ao IPCA (IMA-B) renderam somente 0,50%.
Investidores extremamente arrojados também não tiveram resultados satisfatórios: até segunda-feira, o Bitcoin acumulou perda de 21,84% no mês.
Já conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até o dia 26 de maio, os fundos de ações Índice Ativo, em que o gestor tenta replicar o desempenho de alguns dos índices da B3, tiveram rentabilidade de 2,78%. No ano, o ganho é de 4,44%.
Os fundos de ações Livre, em que os recursos são aplicados nos papéis que o gestor considera ter maior potencial de valorização, subiram apenas 0,67%. No acumulado do ano, porém, recuam 3,69%.
Os fundos de renda fixa até tiveram rentabilidade positiva, mas com retornos, em sua maioria, abaixo de 1%. Os fundos Simples, que têm de investir pelo menos 95% do seu patrimônio em títulos da dívida pública ou emitidos por instituições financeiras com classificação de risco igual ou superior à do governo, renderam 0,85%, segundo a Anbima. Na renda fixa, o melhor desempenho foi dos fundos Duração Alta Grau de Investimento, com ganho de 1,14%.
Mauricio Ferraz, gestor de renda fixa da Kinitro Capital, explica que a taxa de administração cobrada nesses investimentos faz com que a rentabilidade não acompanhe a Selic.
"Na hora de escolher onde aplicar, é importante olhar os custos do fundo", diz o gestor. "Os de alto grau de investimento são um ponto fora da curva porque aplicam em títulos de renda fixa privados de empresas sólidas e conseguem resultados mais expressivos."
Os fundos cambiais decepcionaram, com desempenho negativo de 3,67% no mês e queda de 14,70% no ano. Alisson Correia, CEO da Top Gain, explica que o forte fluxo de entrada no país leva a uma queda do dólar, o que prejudica o resultado desse tipo de aplicação.
"A Taxa Selic alta e as incertezas em relação à guerra na Ucrânia acabam atraindo investidores estrangeiros. Muitas empresas tomam dinheiro emprestado lá fora, a taxas de juros nas mínimas, como a japonesa, e aplicam no Brasil", explica Correia. "Além disso, muitos papéis ficaram descontados por conta das últimas quedas, fazendo com que fluxo estrangeiro entre. O câmbio se desvaloriza, e investimentos atrelados a ele acabam tendo movimentação negativa também."
No mês, o dólar comercial acumulou queda de 6,29%, saindo de R$ 5,07 para R$ 4,75.